|
Texto Anterior | Índice
Investimentos devem elevar em 5 vezes produção de indústrias bélicas nacionais
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
As principais indústrias de
fabricação de material bélico
do Brasil estão se preparando
para um incremento de cinco
vezes na sua produção nos próximos cinco anos. A agitação no
mercado de armamentos se deve ao anúncio do governo federal de que pretende reestruturar as Forças Armadas com
equipamentos nacionais.
Vários fatores políticos influenciaram na decisão do Ministério da Defesa. Dentre eles,
a corrida armamentista de países latinos, a descoberta do
campo de petróleo na Bacia de
Santos e a pressão dos militares
para que haja uma readequação
de suas estruturas.
A estimativa de aumento na
produção é calculada pelo presidente da Abimde (Associação
Brasileira das Indústrias de
Material de Defesa), Carlos
Frederico Queiroz Aguiar. Segundo ele, caso se confirme a
intenção do governo de comprar apenas equipamentos nacionais para reforçar as Forças
Armadas, a produção brasileira
saltaria de US$ 800 milhões
por ano para US$ 4 bilhões, em
um prazo de cinco anos.
Um eventual empecilho ao
crescimento da fabricação do
material brasileiro seria a falta
de investimentos em bases tecnológicas por parte do governo.
"Para ampliar a nossa capacidade fabril, precisamos criar
novas bases tecnológicas em
parceria com o governo através
dos centros de excelência que
já existem", ressalta Aguiar.
Hoje, cerca de 300 empresas
atuam no setor bélico nacional,
mas apenas 8 detêm a maior
parte do mercado interno e externo. Se confirmados os investimentos governamentais, a expectativa é que haja também
uma expansão do mercado, segundo a diretoria da Abimde.
Armas, explosivos, munições, foguetes, softwares de vigilância, aviões e embarcações
são os materiais de defesa produzidos no Brasil. Os principais
compradores são Chile, Colômbia, Jordânia e outros países do
Oriente Médio e da África.
"Hoje conseguimos atender
quase toda a demanda do país.
Só precisamos de mais investimentos para abranger materiais que não produzimos, como algum modelo de avião supersônico", diz o diretor.
A pressão das Forças Armadas só surtiu efeito neste ano,
mas as conversas começaram
há cerca de três anos, conforme
o presidente da frente parlamentar em defesa da indústria
aeronáutica, o deputado federal Marcelo Ortiz (PV-SP). "Nada mais justo que, em vez de
gastarmos com armamentos
importados, comprarmos armas nacionais", salienta.
Segundo uma fonte do Exército brasileiro, que falou mediante condição de anonimato,
apesar de o Brasil não ter características expansionistas, é preciso se preocupar com a defesa
do país. Para ele, a descoberta
do campo de petróleo na Bacia
de Santos tem chamado a atenção internacional e, por conta
disso, o país merece mais investimentos na área de segurança.
Resultados
Apesar da euforia das indústrias bélicas e das Forças Armadas, os resultados só devem
surgir após setembro de 2008.
Isso porque o governo federal
decidiu que só investirá no setor após a conclusão do plano
estratégico de defesa nacional,
que está sendo elaborado pelo
ministério da Defesa e por Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), que deve
ser apresentado nessa data.
Diante do lobby das empresas, Nelson Jobim (Defesa) já
disse que o governo pretende
flexibilizar a lei das licitações
(número 8.666/ 93) para que a
indústria seja beneficiada nas
concorrências. Segundo o ministro, o objetivo é fortalecer a
produção interna e a exportação para a América Latina.
Texto Anterior: Exército se une à OrbiSat para produzir radar Índice
|