São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Investimentos devem elevar em 5 vezes produção de indústrias bélicas nacionais

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

As principais indústrias de fabricação de material bélico do Brasil estão se preparando para um incremento de cinco vezes na sua produção nos próximos cinco anos. A agitação no mercado de armamentos se deve ao anúncio do governo federal de que pretende reestruturar as Forças Armadas com equipamentos nacionais.
Vários fatores políticos influenciaram na decisão do Ministério da Defesa. Dentre eles, a corrida armamentista de países latinos, a descoberta do campo de petróleo na Bacia de Santos e a pressão dos militares para que haja uma readequação de suas estruturas.
A estimativa de aumento na produção é calculada pelo presidente da Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Material de Defesa), Carlos Frederico Queiroz Aguiar. Segundo ele, caso se confirme a intenção do governo de comprar apenas equipamentos nacionais para reforçar as Forças Armadas, a produção brasileira saltaria de US$ 800 milhões por ano para US$ 4 bilhões, em um prazo de cinco anos.
Um eventual empecilho ao crescimento da fabricação do material brasileiro seria a falta de investimentos em bases tecnológicas por parte do governo.
"Para ampliar a nossa capacidade fabril, precisamos criar novas bases tecnológicas em parceria com o governo através dos centros de excelência que já existem", ressalta Aguiar.
Hoje, cerca de 300 empresas atuam no setor bélico nacional, mas apenas 8 detêm a maior parte do mercado interno e externo. Se confirmados os investimentos governamentais, a expectativa é que haja também uma expansão do mercado, segundo a diretoria da Abimde.
Armas, explosivos, munições, foguetes, softwares de vigilância, aviões e embarcações são os materiais de defesa produzidos no Brasil. Os principais compradores são Chile, Colômbia, Jordânia e outros países do Oriente Médio e da África.
"Hoje conseguimos atender quase toda a demanda do país. Só precisamos de mais investimentos para abranger materiais que não produzimos, como algum modelo de avião supersônico", diz o diretor.
A pressão das Forças Armadas só surtiu efeito neste ano, mas as conversas começaram há cerca de três anos, conforme o presidente da frente parlamentar em defesa da indústria aeronáutica, o deputado federal Marcelo Ortiz (PV-SP). "Nada mais justo que, em vez de gastarmos com armamentos importados, comprarmos armas nacionais", salienta.
Segundo uma fonte do Exército brasileiro, que falou mediante condição de anonimato, apesar de o Brasil não ter características expansionistas, é preciso se preocupar com a defesa do país. Para ele, a descoberta do campo de petróleo na Bacia de Santos tem chamado a atenção internacional e, por conta disso, o país merece mais investimentos na área de segurança.

Resultados
Apesar da euforia das indústrias bélicas e das Forças Armadas, os resultados só devem surgir após setembro de 2008. Isso porque o governo federal decidiu que só investirá no setor após a conclusão do plano estratégico de defesa nacional, que está sendo elaborado pelo ministério da Defesa e por Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), que deve ser apresentado nessa data.
Diante do lobby das empresas, Nelson Jobim (Defesa) já disse que o governo pretende flexibilizar a lei das licitações (número 8.666/ 93) para que a indústria seja beneficiada nas concorrências. Segundo o ministro, o objetivo é fortalecer a produção interna e a exportação para a América Latina.


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