São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Tesoura seletiva

O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) ouvirá amanhã dos líderes aliados na Câmara e no Senado que cortar emendas coletivas não é tão simples assim: devido a um acordo no Congresso, elas foram feitas em blocos no ano passado, e se referem a grandes obras, como rodovias, barragens e adutoras. Ou seja: além de desagradar aos governadores, o corte linear nessas emendas implodirá bandeiras de campanha em ano de eleição. "Não é mais tão fácil dar a vassourada nas emendas coletivas", diz o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). "Emenda de bancada é estratégica", endossa Luciano Castro (PR-RR).
A aposta dos aliados é que o ministro vai começar propondo 100% de cortes "para levar 50% ou 60%".

Uni-duni-tê. Os deputados pretendem sugerir aos ministros na reunião de amanhã que, uma vez definido o tamanho do corte, sejam ouvidos os coordenadores das bancadas estaduais e os relatores setoriais do Orçamento a fim de definir quais obras manter e quais sacrificar.

Maracujina. O "ok" dado ontem pelos ministros às nomeações do terceiro escalão, empacadas desde o início do segundo mandato de Lula, foi uma vacina para que a reunião dos cortes não começasse com o chororô habitual.

Ano velho. Com o anúncio de que o governo vai atender a pleitos paroquiais, o PR tirou da gaveta a cobrança pelas diretorias do Dnit na Paraíba e em Santa Catarina. Também cobra o cargo prometido ao ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara. E o PMDB repete o mantra da diretoria Internacional da Petrobras.

Arado. As demandas dos aliados também são grandes na Agricultura, onde os peemedebistas, que comandam o ministério, fazem cabo-de-guerra com governadores pelo comando da Conab e de delegacias da pasta nos Estados.

Jogo de cena 1. Apesar de todo o discurso cáustico, o PSDB não fez esforço nem tampouco pressionou o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), para convocar a comissão representativa do Congresso durante o recesso, como alardeou.

Jogo de cena 2. O motivo é simples: a base aliada domina totalmente a comissão. Nominalmente, são 17 governistas contra 8 opositores. Os tucanos avaliam que darão mais trabalho se deixarem a batalha contra o pacote tributário de Lula para fevereiro, com o Senado completo.

Em casa. Em seus novos negócios na área de publicidade, Delúbio Soares terá como sócia sua irmã Delma Regina Soares, que integra o mesmo sindicato de trabalhadores de Educação que projetou o ex-tesoureiro do PT, apontado como operador do mensalão.

SPC. Presidente do PSDB, Sérgio Guerra se reúne hoje com FHC em São Paulo para tratar da dívida de R$ 10 mi do partido na praça, um fantasma da campanha de 2006 que este ano pode virar dor de cabeça nas eleições municipais.

Light. Jorge Bornhausen revela-se um entusiasta do democrata Barack Obama nos EUA. "Li o livro dele e achei muito consistente." O ex-senador admite que a afinidade ideológica do ex-PFL é maior com os republicanos que com os "xarás" democratas, mas faz ressalvas ao governo Bush.

Casquinha 1. Cerca de 90% dos mais de 6.000 processos contra políticos "infiéis" que chegaram à Justiça Eleitoral se referem a cargos de vereador. Muitos são de suplentes que reivindicam ficar alguns meses no posto às vésperas das eleições municipais.

Casquinha 2. Em Mato Grosso, o campeão de ações é o PPS, que minguou após o governador Blairo Maggi migrar para o PR, com 500 filiados. A sigla pede também o mandato do deputado Geraldo Resende (PMDB-MS).

Tiroteio

"O empenho pró-setor financeiro mostra que Democratas é só nome fantasia, porque a razão social continua sendo o PFL dos banqueiros."


Do deputado federal PEPE VARGAS (PT-RS) sobre as ações judiciais do DEM para derrubar o pacote tributário do governo, que mira os bancos.

Contraponto

Afagos

Num seminário em São Paulo no fim do ano passado, a ex-deputada tucana Zulaiê Cobra, agora no PHS, resolveu discorrer sobre a personalidade de Lula. Contou que na semana anterior havia encontrado o presidente em Brasília. Na ocasião, seu filho até comentara:
-Mãe, nem o Mario Covas abraçava você desse jeito!
-Meu filho, o Lula é um sedutor político. Ele sabe agradar. E realmente faz isso de um jeito que o Covas não fazia, e nem o Alckmim nem o Serra sabem fazer.
Zulaiê concluiu a história tripudiando sobre o humor do governador de São Paulo, com quem não se bica:
-Aliás, esse não beija e não abraça ninguém...


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