UOL

São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Não podemos mais esperar, diz MST

DA AGÊNCIA FOLHA

Para João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), apesar de o governo ter montado um "competente" time no primeiro escalão da reforma agrária, é preciso "agilidade" para cumprir as principais promessas de campanha. "Agora, nós estamos preocupados com a demora", disse.
 

Agência Folha - Qual é a primeira impressão do governo Lula?
João Paulo Rodrigues -
Estamos preocupados com a demora. Já se passaram quase 40 dias e até agora não foi tomada nenhuma atitude concreta em relação à reforma agrária. Esses dias para quem está no governo pode ser pouco, por causa da burocracia, mas para quem está debaixo de uma barraca de lona é muito tempo.

Agência Folha - Mas o que vocês esperavam?
Rodrigues -
Achávamos que tudo seria um pouco mais ágil. É como no Fome Zero, não podemos ficar esperando. Quem passa fome e está debaixo de um barraco tomando chuva e sol não pode ficar um tempo de carência como esse, de 30, 40 dias. Então, depois de 30 dias, até que o governo tome pé, faça um diagnóstico. Isso vai até o meio do ano se continuar nessa forma.

Agência Folha - Isso será cobrado na reunião com o governo?
Rodrigues -
Um dos pontos da pauta é que [o governo] seja ágil na indicação das superintendências [regionais do Incra", na contratação de novos quadros. Mas ainda estamos confiantes, apesar das preocupações. Até agora não começaram a fazer nada. Nós pensamos como movimento social, e não como governo.

Agência Folha - As famílias acampadas não poderiam esperar?
Rodrigues -
Não podemos esperar mais, precisamos assentar essas famílias urgentemente. Nós temos que levar alimentos para os acampamentos.

Agência Folha - E a solução?
Rodrigues -
Se o Fome Zero não encontrar uma saída urgentíssima para repassar alimentação para os acampamentos, aguarde que vamos ter problemas por aí, sim, como no caso de Alagoas. Temos 80 mil famílias acampadas, muitas delas há mais de dois anos. Não é um problema criado pelo governo atual, mas agora quem está no governo é o Lula. Quando assumiu, ele já sabia que teria esses problemas, por isso precisamos de agilidade.



Texto Anterior: Outro lado: Para Rossetto, crítica é natural no início de governo
Próximo Texto: UDR afirma que governo é "parcial"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.