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Não podemos mais esperar, diz MST
DA AGÊNCIA FOLHA
Para João Paulo Rodrigues, da
coordenação nacional do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), apesar de o
governo ter montado um "competente" time no primeiro escalão
da reforma agrária, é preciso "agilidade" para cumprir as principais promessas de campanha.
"Agora, nós estamos preocupados com a demora", disse.
Agência Folha - Qual é a primeira
impressão do governo Lula?
João Paulo Rodrigues - Estamos
preocupados com a demora. Já se
passaram quase 40 dias e até agora não foi tomada nenhuma atitude concreta em relação à reforma
agrária. Esses dias para quem está
no governo pode ser pouco, por
causa da burocracia, mas para
quem está debaixo de uma barraca de lona é muito tempo.
Agência Folha - Mas o que vocês
esperavam?
Rodrigues - Achávamos que tudo seria um pouco mais ágil. É como no Fome Zero, não podemos
ficar esperando. Quem passa fome e está debaixo de um barraco
tomando chuva e sol não pode ficar um tempo de carência como
esse, de 30, 40 dias. Então, depois
de 30 dias, até que o governo tome
pé, faça um diagnóstico. Isso vai
até o meio do ano se continuar
nessa forma.
Agência Folha - Isso será cobrado
na reunião com o governo?
Rodrigues - Um dos pontos da
pauta é que [o governo] seja ágil
na indicação das superintendências [regionais do Incra", na contratação de novos quadros. Mas
ainda estamos confiantes, apesar
das preocupações. Até agora não
começaram a fazer nada. Nós
pensamos como movimento social, e não como governo.
Agência Folha - As famílias acampadas não poderiam esperar?
Rodrigues - Não podemos esperar mais, precisamos assentar essas famílias urgentemente. Nós
temos que levar alimentos para os
acampamentos.
Agência Folha - E a solução?
Rodrigues - Se o Fome Zero não
encontrar uma saída urgentíssima para repassar alimentação para os acampamentos, aguarde
que vamos ter problemas por aí,
sim, como no caso de Alagoas.
Temos 80 mil famílias acampadas, muitas delas há mais de dois
anos. Não é um problema criado
pelo governo atual, mas agora
quem está no governo é o Lula.
Quando assumiu, ele já sabia que
teria esses problemas, por isso
precisamos de agilidade.
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