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INVESTIGAÇÃO
Operação Macuco apura lavagem de dinheiro em agência do Banestado
Polícia Federal vai aos EUA apurar caso de contas CC-5
CHICO SIQUEIRA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA
O governo brasileiro vai enviar
uma força-tarefa aos EUA para
investigar o esquema de lavagem
de dinheiro por meio da agência
de Nova York do Banestado (Banco do Estado do Paraná, privatizado em outubro de 2000).
Formada por dois delegados e
dois peritos da Polícia Federal, a
equipe embarca na sexta-feira, dia
14, para Nova York e não tem data
de retorno. Junto com o FBI (polícia federal dos EUA), ela dará
continuidade à Operação Macuco, investigação que apurou evasão ilícita de US$ 30 bilhões, entre
1996 e 1999, por meio das chamadas contas CC-5 (de pessoas não
residentes no país).
Um dos delegados é José Francisco Castilho Neto, reconduzido
às investigações, após ser afastado
em maio de 2002. Castilho Neto
iniciou a Operação Macuco em
2001, em Foz do Iguaçu.
Depois de passar um mês nos
EUA, em março de 2002 montou
um dossiê, que virou peça de inquérito policial que tramita em
segredo de Justiça.
Caminho
O dossiê, com 1.200 páginas,
contém documentos bancários de
20 mil operações e remessas que
teriam movimentado US$ 30 bilhões por meio do Banestado de
Nova York. O dinheiro chegou ao
Banestado em nome de doleiros e
laranjas por meio das chamadas
contas CC-5 e de lá teria sido pulverizado para outros bancos dos
EUA e paraísos fiscais na Europa e
em ilhas do Caribe.
Dos US$ 30 bilhões, a investigação da PF e do FBI rastreou o destino de US$ 15 bilhões, remetidos
ao Banestado entre 1996 e 1997.
A PF estima que outros US$ 15
bilhões também tenham sido remetidos pelo mesmo esquema de
lavagem entre 98 e 99, ano em que
a agência do Banestado de Nova
York foi fechada. As investigações
foram paralisadas pelo governo
em maio de 2002.
A Agência Folha apurou que, na
avaliação da PF, a divulgação do
esquema pela imprensa e a consequente paralisação das investigações por oito meses nos EUA podem ter favorecido os responsáveis pela evasão porque, dificilmente, algum deles deixaria o dinheiro nas contas sabendo do risco de bloqueio pelo governo ou de
rastreamento pela polícia.
No entanto, para a PF, a continuidade das investigações poderá
fazer com que a polícia brasileira
chegue aos responsáveis pelos
desvios e possa incriminá-los.
Procuradores
A divulgação de partes do laudo
feito pela Polícia Federal e guardado sob sigilo provocou reações
de procuradores que não têm
acesso aos documentos e só ficam
sabendo dos envolvidos no esquema por meio da imprensa.
Dois procuradores da República de Foz do Iguaçu (PR), onde
está guardado o laudo, Alexandre
Porciúncula e Robson Martins,
estariam colocando obstáculos
para colaborar com procuradores
de outros Estados, que têm pedido, formal e informalmente, a íntegra do relatório da PF. Ambos
não comentam as críticas.
A intenção dos procuradores é
saber se os brasileiros que remeteram o dinheiro para o exterior estão sendo acusados de corrupção,
narcotráfico e outros crimes em
seus Estados.
O procurador Pedro Taques, de
Cuiabá, teve de recorrer à Justiça
Federal para tentar obter uma cópia do relatório. Não havia obtido
resposta até sexta à tarde.
Taques e o procurador de Brasília Guilherme Schelb querem investigar as remessas do empresário João Arcanjo Ribeiro, o "comendador", que está foragido da
Justiça e é citado no laudo da Polícia Federal, mas até agora não
conseguiram uma cópia do relatório que está em Foz.
Colaboraram a Agência Folha e a Reportagem Local
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