São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Posto estratégico

Tido como comissão de segunda categoria até o escândalo do mensalão, o Conselho de Ética virou prioridade no loteamento dos cargos na Câmara. Um acordo com o PMDB deverá dar ao PT a presidência do órgão que, na legislatura passada, despachou petistas em série para julgamento no plenário da Casa.
Fica sepultada, assim, a pretensão de Ricardo Izar (PTB-SP) de se manter à frente do Conselho. Maurício Rands (PE) foi convidado, mas recusou. Já José Eduardo Cardozo (SP) quer muito, mas o núcleo que comanda a bancada petista não vai deixar. O mais cotado para assumir o posto, agora, é Jorge Bittar (RJ), de um grupo próximo a José Dirceu.

Água fria. José Dirceu encomendou uma pesquisa de opinião para medir o apoio popular a seu pedido de anistia. Os resultados não foram nada animadores para o ex-ministro. A idéia, agora, é deixar o assunto dormir.

Desembarque. Arlindo Chinaglia (PT-SP), que permaneceu no muro sobre a anistia de Dirceu durante a campanha pela presidência da Câmara, disse a Lula, uma vez eleito, que o projeto poderia dificultar a tramitação do PAC, além de não combinar com a "agenda positiva" que pretende adotar na Casa.

Bandeira. Dividido no que concerne à reformulação interna e à punição dos envolvidos nos escândalos dos últimos anos, o PT encontrou um tema para unir as diversas tendências e monopolizar as atenções nos festejos do aniversário do partido, hoje e amanhã em Salvador: a ordem é sentar a pua na política de juros do Banco Central.

Vai ter briga 1. O que era para ser a celebração da mudança de nome do PFL para PD (Partido Democrata) virou largada de uma disputa pelo comando da legenda rebatizada. Rodrigo Maia (RJ), até agora nome consensual para substituir o ex-senador Jorge Bornhausen na presidência, deverá disputar o cargo com o também deputado José Carlos Aleluia (BA).

Vai ter briga 2. Aleluia tem procurado deputados dizendo que não concorda com a indicação de Maia sem uma consulta prévia ao partido. Quando lhe perguntam se partiria para a disputa aberta contra um colega de bancada, responde com um sorriso enigmático: "Mas o partido não é democrata? A disputa é o cerne da democracia".

Reforço. Em campanha por um novo mandato na presidência do PMDB à revelia da parcela do partido instalada no Senado, Michel Temer obteve o apoio de Íris Araújo. A mulher do prefeito de Goiânia, Íris Rezende, ameaçava se lançar pré-candidata.

Na pista. Renan Calheiros (PMDB-AL), José Sarney (PMDB-AP), Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Romeu Tuma (PFL-SP) foram vítimas do apagão do aeroporto de Congonhas na quarta. Os senadores entraram na aeronave da FAB às 22h e somente à meia-noite decolaram para Brasília. Para passar o tempo, evocaram histórias que foram de Juscelino Kubitschek a John Kennedy.

Registro. À exceção de Arlindo Chinaglia, nenhum representante do governo Lula ou do PT compareceu à festa dos 100 anos de nascimento de Victor Civita, fundador do Grupo Abril, que reuniu mais de 1.000 pessoas em SP na noite de quarta-feira.

Calçados. "Lafer, o sem-sapatos, entra de sola no bate-boca da diplomacia". É a manchete do site do PC do B sobre o endosso do ex-chanceler de FHC, "que em 2003 ficou célebre por tirar os sapatos no aeroporto de Washington, a mando da polícia", às críticas de Roberto Abdenur ao atual comando do Itamaraty.

Tiroteio

"O professor Marco Aurélio entende muito de história, mas pouco de Flamengo. Se ele for ao Maracanã domingo, não conseguirá encher uma só folha de assinaturas pró-Dirceu".
Do flamenguista CHICO ALENCAR, deputado federal pelo PSOL-RJ, sobre o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, segundo quem ele "e a torcida do Flamengo" querem a anistia de José Dirceu.

Contraponto

Semana de calouros

Estreante na Câmara, Ciro Gomes (PSB-CE) estabeleceu um controle rígido de sua agenda para evitar atrasos. Anteontem, fez questão de chegar a uma reunião de bancada no horário previsto, 11h. Teve de esperar quase uma hora pelos colegas. À tarde, foi para o plenário, que aprovou o fim de mais de mil cargos de natureza especial. A presidência da Casa encerrou a sessão por volta das 18h.
Ciro, então, encontrou Eunício Oliveira (PMDB-CE).
-É só isso? Já acabou o expediente?-, perguntou.
Diante da confirmação do colega, ele comentou:
-Nossa, acho que eu não vou tão cedo para a casa desde antes de virar governador, há 16 anos!


Próximo Texto: PT comemora aniversário com "tendências" em crise
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.