São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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Disputas no PMDB adiam novo ministério

Lula deve aguardar eleição de novo presidente da sigla, marcada para março, para só então distribuir cargos a aliados

Lulistas do Senado apóiam Nelson Jobim, mas Temer quer se manter à frente de legenda; indefinição deve atrasar votações do PAC


Sergio Lima/Folha Imagem
Lula e o presidente do Senado, Renan Calheiros, ontem no Planalto


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma disputa interna pela presidência do PMDB deve impedir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de concluir sua reforma ministerial neste mês. O mais provável é que a nomeação de ao menos parte dos novos ministros fique para março. O racha peemedebista também criará atrasos nas negociações sobre as medidas provisórias do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
A eleição do novo presidente do PMDB deve ocorrer numa convenção nacional, pré-marcada para 11 de março. Até esse encontro, a tendência do Palácio do Planalto é segurar todas as nomeações federais relacionadas à legenda.
O PMDB tem as maiores bancadas na Câmara e no Senado. Sem ministros indicados, é improvável que a ala peemedebista da coalizão governista chegue a algum consenso sobre votações polêmicas -inclusive as medidas provisórias do PAC.
"O PMDB do Senado já tem sua participação. Falta o PMDB da Câmara", disse o líder da bancada, Henrique Eduardo Alves (RN). "Não é só a questão do PAC. Queremos formar a coalizão e ajudar em todas as votações, mas também queremos participar do governo."
O PMDB está dividido em dois grandes grupos. De um lado está o atual presidente, o deputado Michel Temer (SP), que pretende permanecer na cadeira que já ocupa desde 2001.
Temer apoiou o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. Agora, é a favor da participação do PMDB no governo Lula. Sua candidatura tem suporte entre deputados como o líder Alves e Geddel Vieira Lima (BA).
Na torcida por Temer está a ala conhecida como Campo Majoritário do PT, pois o peemedebista apoiou a eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) a presidente da Câmara.
O principal adversário de Temer é outro ex-aliado tucano: Nelson Jobim, que foi ministro da Justiça de FHC (1995-1997) e integrante do Supremo Tribunal Federal (1997-2006). Jobim é bancado sobretudo por lulistas de primeira hora no PMDB, com os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) à frente. Jobim conta com o apoio de 5 dos 7 governadores do PMDB: Eduardo Braga (AM), Paulo Hartung (ES), Roberto Requião (PR), Sérgio Cabral (RJ) e Marcelo Miranda (TO). Os outros dois -André Puccinelli (MS) e Luiz Henrique (SC)- ainda estão em dúvida.
Para demonstrar unidade em torno de Jobim, Cabral pretende promover um jantar no Rio, no próximo dia 27. A idéia é fazer uma demonstração de força para turbinar a candidatura do ex-ministro da Justiça. Ontem de manhã, Jobim e Temer se encontraram para verificar se um deles poderia desistir. Nada feito. Ambos querem ir até o final na disputa.

Colaboraram ADRIANO CEOLIN e SILVIO NAVARRO, da Sucursal de Brasília

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