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Bush encontra Lula no Brasil em março
Presidentes vão discutir independência energética; americano irá ainda a Uruguai, Colômbia, Guatemala e México
Reunião está prevista para
acontecer no dia 8 de março,
em São Paulo, no início da
viagem do governante dos
EUA pela América Latina
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Como parte do esforço de retomar sua influência na América Latina, a Casa Branca anunciou ontem que o presidente
George W. Bush fará viagem de
sete dias por cinco países da região. O giro começa com encontro do republicano com o presidente brasileiro, previsto para
o dia 8 de março, em São Paulo.
Na agenda dos dois líderes,
estão "a independência energética e o comércio bilateral", segundo o porta-voz do presidente norte-americano, Tony
Snow. De acordo com comunicado da Casa Branca, no entanto, Bush se encontrará com Lula "para discutir uma série de
questões, incluindo energia alternativa", e também pretende
"encontrar-se com outros líderes da sociedade brasileira".
É possível que Bush esteja no
país também no dia 9.
Do Brasil, o norte-americano
segue para Uruguai, Colômbia,
Guatemala e encerra o périplo
no México. Por segurança, o governo dos EUA não divulgou as
datas em que Bush estará em
cada país. O próprio anúncio da
viagem só foi antecipado por
uma indiscrição do uruguaio
Tabaré Vázquez, que anteontem tornou pública a visita.
Com a ida de Bush, a Folha
apurou que será adiada a ida de
Luiz Inácio Lula da Silva para
Washington, inicialmente prevista para acontecer entre abril
e junho. Procurado pelo jornal,
o Departamento de Estado
norte-americano não quis confirmar se Condoleezza Rice viria na mesma comitiva. A única
presença anunciada foi a da
primeira-dama, Laura Bush.
Anteontem, o futuro embaixador do Brasil nos EUA, Antonio Patriota, havia dito em Brasília que a secretária de Estado
dos EUA tinha interesse em vir
ao Brasil, e que Patriota e o
chanceler Celso Amorim gostariam que ela visitasse a Bahia. Nas últimas semanas, vários membros do governo republicano visitaram a América
Latina, entre eles o número
três do Departamento de Estado, Nicholas Burns, Thomas
Shannon, responsável da chancelaria pela região, e o procurador-geral, Alberto Gonzáles.
Depois de ter prometido, já
no seu mês de posse, em janeiro de 2001, que o continente
era "prioridade" de seu governo, Bush deixou a América Latina em segundo plano, principalmente após o ataque de 11
de Setembro e as guerras no
Afeganistão e no Iraque.
Viu o espaço dos EUA ser
ocupado pelo discurso antiamericano do venezuelano Hugo Chávez, sobretudo após a
eleição de governos esquerdistas na Bolívia e no Equador.
Bush deve aproveitar seus
dois últimos anos no governo
para tentar reverter parte desse quadro. Na viagem, segundo
a Casa Branca, deve tratar do
acordo bilateral com o uruguaio Tabaré Vázquez, da guerra ao narcoterrorismo com o
colombiano Álvaro Uribe, das
relações bilaterais com o guatemalteco Oscar Berger e dos
problemas econômicos por que
passa o México com o recém-eleito Felipe Calderón.
Em seu roteiro, o republicano reforça a já chamada "diplomacia do etanol". No encontro
com Lula, deve reforçar a parceria no campo tecnológico para o biocombustível, mas evitará falar de queda de tarifas alfandegárias ou de aumento da
exportação do produto pelos
EUA. Bush pisa cuidadosamente em campo amigo, evitando possíveis desconfortos
ao excluir, por exemplo, Buenos Aires, com quem Washington mantém relações mornas.
Bush já esteve no Brasil antes,
em novembro de 2005.
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