São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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Bush encontra Lula no Brasil em março

Presidentes vão discutir independência energética; americano irá ainda a Uruguai, Colômbia, Guatemala e México

Reunião está prevista para acontecer no dia 8 de março, em São Paulo, no início da viagem do governante dos EUA pela América Latina


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Como parte do esforço de retomar sua influência na América Latina, a Casa Branca anunciou ontem que o presidente George W. Bush fará viagem de sete dias por cinco países da região. O giro começa com encontro do republicano com o presidente brasileiro, previsto para o dia 8 de março, em São Paulo.
Na agenda dos dois líderes, estão "a independência energética e o comércio bilateral", segundo o porta-voz do presidente norte-americano, Tony Snow. De acordo com comunicado da Casa Branca, no entanto, Bush se encontrará com Lula "para discutir uma série de questões, incluindo energia alternativa", e também pretende "encontrar-se com outros líderes da sociedade brasileira".
É possível que Bush esteja no país também no dia 9.
Do Brasil, o norte-americano segue para Uruguai, Colômbia, Guatemala e encerra o périplo no México. Por segurança, o governo dos EUA não divulgou as datas em que Bush estará em cada país. O próprio anúncio da viagem só foi antecipado por uma indiscrição do uruguaio Tabaré Vázquez, que anteontem tornou pública a visita.
Com a ida de Bush, a Folha apurou que será adiada a ida de Luiz Inácio Lula da Silva para Washington, inicialmente prevista para acontecer entre abril e junho. Procurado pelo jornal, o Departamento de Estado norte-americano não quis confirmar se Condoleezza Rice viria na mesma comitiva. A única presença anunciada foi a da primeira-dama, Laura Bush.
Anteontem, o futuro embaixador do Brasil nos EUA, Antonio Patriota, havia dito em Brasília que a secretária de Estado dos EUA tinha interesse em vir ao Brasil, e que Patriota e o chanceler Celso Amorim gostariam que ela visitasse a Bahia. Nas últimas semanas, vários membros do governo republicano visitaram a América Latina, entre eles o número três do Departamento de Estado, Nicholas Burns, Thomas Shannon, responsável da chancelaria pela região, e o procurador-geral, Alberto Gonzáles.
Depois de ter prometido, já no seu mês de posse, em janeiro de 2001, que o continente era "prioridade" de seu governo, Bush deixou a América Latina em segundo plano, principalmente após o ataque de 11 de Setembro e as guerras no Afeganistão e no Iraque.
Viu o espaço dos EUA ser ocupado pelo discurso antiamericano do venezuelano Hugo Chávez, sobretudo após a eleição de governos esquerdistas na Bolívia e no Equador.
Bush deve aproveitar seus dois últimos anos no governo para tentar reverter parte desse quadro. Na viagem, segundo a Casa Branca, deve tratar do acordo bilateral com o uruguaio Tabaré Vázquez, da guerra ao narcoterrorismo com o colombiano Álvaro Uribe, das relações bilaterais com o guatemalteco Oscar Berger e dos problemas econômicos por que passa o México com o recém-eleito Felipe Calderón.
Em seu roteiro, o republicano reforça a já chamada "diplomacia do etanol". No encontro com Lula, deve reforçar a parceria no campo tecnológico para o biocombustível, mas evitará falar de queda de tarifas alfandegárias ou de aumento da exportação do produto pelos EUA. Bush pisa cuidadosamente em campo amigo, evitando possíveis desconfortos ao excluir, por exemplo, Buenos Aires, com quem Washington mantém relações mornas. Bush já esteve no Brasil antes, em novembro de 2005.


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