São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

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Em São Paulo, cartão consome R$ 35 mi em compras miúdas

Funcionários do governo paulista compraram em lojas de fraldas, doces e flores

Anteontem, o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, disse que o uso dos cartões se limitava a "combustível, diárias e vale-transporte"

DA REPORTAGEM LOCAL

Das fraldas da Secretaria da Administração Penitenciária a molduras para quadros da Secretaria do Meio Ambiente, o cartão de pagamento de despesas adotado pelo governo do Estado de São Paulo dá a senha para a mais variada lista de compras. Sob a rubrica "despesas miúdas e de pronto pagamento" e "outros materiais de consumo", compra-se de tudo: das lojas de flores e doces da Secretaria da Fazenda a assadeiras da Secretaria da Segurança.
Anteontem, o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, disse que o uso dos cartões era limitado ao gasto de "combustível, diárias e vale-transporte".
Segundo dados fornecidos pela própria Secretaria da Fazenda, o item despesas miúdas e de pronto pagamento consumiu R$ 30.479.438,11 dos R$ 108.384.268,26 gastos com cartão de débito no ano passado.
Ainda de acordo com os dados da secretaria, o item "outros materiais de consumo" representa R$ 4.641.401,81 dos gastos com cartão. Pelo modelo adotado, cada servidor é encarregado da compra de produtos específicos e seu cartão só funciona em estabelecimentos credenciados para esses fins.
Apesar das restrições, a lista de estabelecimentos registrada no Sigeo (Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária) inclui de lojas de fantasias (Barão das Mágicas) a de objetos para decoração, como R$ 977 gastos pela Casa Civil na Presentes Mickey. Em 5 de novembro, a Secretaria da Segurança gastou R$ 110,20 na loja Barão das Mágicas, especializada em fantasias. Segundo a secretaria, o dinheiro foi destinado à compra de kit de maquiagem para ação social com crianças.
Entre as aquisições da Secretaria da Segurança, o Comando de Policiamento de Choque fez uma compra na loja Mundo das Cozinhas. Segundo a loja, foram duas assadeiras, nos valores de R$ 26,91 e R$ 29,74 e uma colher perfurada, por R$ 10,13. O total de R$ 66,78 teve R$ 16,78 de desconto. A outra compra na loja foi de R$ 269, em 9 de outubro. Segundo o Sigeo, a secretaria gastou mais de R$ 12 mil em lojas especializadas em brinquedos e jogos.
A Secretaria da Administração Penitenciária usou o cartão do Estado em lojas de fraldas, açougues, docerias e anúncios de jornal. Segundo relação de 2007, a secretaria gastou R$ 212,50 em duas lojas especializadas em fraldas de bebê e geriátricas, a Campfraldas e a Casa Fraldas São Paulo: R$ 30,50 e R$ 182, respectivamente.
Ainda segundo levantamento feito pela liderança do PT na Assembléia, a secretaria gastou R$ 140,09 na Di Presentes, R$ 39 na loja de jogos eletrônicos, informática e música Diniz Disco, R$ 248 na Distribuidora de Guarda-Chuva Amazônia.
Um funcionário da Di Presentes informou que a secretaria comprou uma lata de lixo de cem litros, com pedal e tampa basculante, para a penitenciária de Guarulhos. Segundo a Bazar CCA, foram adquiridos coadores de flanela.
O cartão serviu para o pagamento da publicação de anúncios de licitação no jornal "Agora", editado pela Empresa Folha da Manhã S.A., que publica a Folha. Foram 11 faturas em 2007 (total de R$ 18.275,70).
Ainda segundo levantamento feito no Sigeo, a lista inclui livrarias e lojas de decoração, cosméticos, festas e até importadoras. Entre os gastos da Secretaria do Meio Ambiente, há um pagamento de R$ 49,90 na Luck Brinquedo. Também aparecem R$ 735,25 na livraria Fnac, em cinco compras, e R$ 606,77 na Livraria Cultura, em sete compras. Aparece um total de R$ 1.146 na Lavanderia Brilhante, em sete serviços.
Também há três compras que totalizam R$ 1.520 na Vitrais Assu. Segundo informação obtida na loja, o dinheiro se destinou a molduras. Há compras ainda na Panificadora Vipão (total de R$ 408, em quatro compras) e na padaria Letícia Arte Talento, onde sete compras somaram R$ 711,54.
Segundo o levantamento, a Secretaria do Emprego gastou cerca de R$ 4.000 em compras numa importadora, especializada em frios, de Araraquara.
Como o Estado não dispõe de sistema aberto para consulta dos dados, os números foram obtidos na liderança do PT na Assembléia Legislativa.


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