São Paulo, sábado, 09 de março de 2002 |
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FIM DE CASAMENTO Em pré-convenção, ala governista anula encontro do dia 17; oposicionistas devem recorrer da decisão PMDB governista cancela prévia e "encosta" em Serra
KENNEDY ALENCAR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O PMDB sepultou ontem a prévia presidencial do partido, tornando remota a chance de candidatura própria ao Palácio do Planalto, e deu mais um passo para se aliar ao pré-candidato tucano, senador José Serra. A possibilidade de aliança com a postulante presidencial do PFL, a governadora Roseana Sarney (MA), não está descartada, mas é defendida por uma minoria. A esperança desse grupo é que a evolução da briga entre Serra e Roseana, que foi acirrada com o rompimento do PFL com o governo de Fernando Henrique Cardoso, faça o tucano cair e a pefelista crescer nas pesquisas, virando o jogo. A avaliação da maioria, porém, é que acontecerá o contrário. Os governistas do PMDB, ligados ao presidente FHC, deram demonstração de força ontem. Fizeram uma pré-convenção em Brasília com quórum maior do que a patrocinada pela ala oposicionista no domingo passado, em São Paulo. Por maioria absoluta (356 de 691 votos), cancelaram a prévia presidencial prevista para o dia 17 deste mês. O quórum dos governistas também indica que eles têm mais força no partido. Obtiveram a presença de 285 dos 493 delegados. Os oposicionistas conseguiram 254. A soma das duas pré-convenções, 539 delegados, é maior do que os 493 convencionais titulares porque suplentes dos dois grupos votaram. Na convenção que vale legalmente, prevista para ocorrer entre 10 e 30 de junho, a tendência é haver uma situação semelhante ao encontro governista, que contou com maior número de convencionais titulares. Dissidência Apesar da vitória governista, a ala oposicionista, que defende a candidatura própria ao Palácio do Planalto, pretende realizar a prévia, criando um fato político e tentando, na Justiça Eleitoral, impedir uma aliança com um outro partido. A via jurídica é o melhor caminho para os oposicionistas, que sofreram uma derrota política ontem. Eles vão tentar revalidar a prévia e tornar sem efeito legal a pré-convenção de ontem, o que é difícil. "Vamos fazer a prévia nos Estados que, somados, representam mais de 80% do eleitorado. Vamos ter maioria esmagadora e criar um fato político irreversível a favor da candidatura própria. Se for necessário, iremos à Justiça impedir alianças", disse Alexandre Dupeyrat, assessor do governador de Minas Gerais, Itamar Franco, e estrategista do grupo oposicionista. O presidente nacional do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP), rebateu Dupeyrat: "A prévia está prejudicada. Eles não poderão fazê-la de forma legal, porque o que vale é a decisão da pré-convenção de hoje [ontem". Há uma dissidência, mas a maioria do PMDB mostrou que deseja discutir com outros partidos uma forte aliança". O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), defende abertamente a união com o PSDB: "Na minha posição pessoal, Serra é que pode assumir um projeto com o PMDB para os próximos quatro anos". Sarney Na esperança de levar o partido a apoiar a candidatura de Roseana, o grupo do ex-presidente José Sarney, senador pelo Amapá e pai da governadora do Maranhão, votou em peso contra a prévia, contrariando os oposicionistas. Mas os votos do grupo ligado a Sarney equivalem a apenas 4,7% do total. A maioria, porém, prefere Serra e vai vender caro o apoio ao tucano, já que acredita que o PMDB poderá ser o aliado que fará a diferença nessa disputa. A pré-convenção teve um clima calmo -salvo os protestos dos oposicionistas, com dois penicos cor-de-rosa e um cabresto vermelho que tentaram, sem sucesso, entregar a Temer para dizer que o PMDB se curva a FHC. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Aliança não deve ser livre nos Estados Índice |
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