São Paulo, terça-feira, 09 de março de 2004

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PAINEL

Pré-requisito
Representantes da esquerda petista só aceitaram assinar a nota de apoio a José Dirceu depois de garantir que o texto incluiria moção em defesa de mudanças na política econômica.

Sem conversa
A cúpula do PT recuou, mas a esquerda do partido segue fustigando Palocci. "Só tem mudança com redução drástica do superávit primário, taxação do capital especulativo e queda significativa na taxa de juros", diz o deputado Ivan Valente (SP).

Palavras ao vento
Na Esplanada, há quem não compre a teoria da "dissolução do núcleo duro", muito reproduzida pela mídia nos últimos dias. Para os céticos, passado o vendaval estarão à mesa os ministros de sempre, e os demais continuarão a fazer figuração.

Ritmo frenético
Atual quitute na frigideira palaciana, Humberto Costa programou inaugurações em série na tentativa de mostrar que o Ministério da Saúde não está parado. Promete entregar até maio 480 ambulâncias e 300 centros de saúde bucal em periferias.

Para registro
Humberto Costa nega os rumores de que será substituído por Aloizio Mercadante. Diz estar afinado com o Planalto -de onde, no entanto, saem as críticas à sua atuação na Saúde.

Jogo de cena
O Planalto sondou Renan Calheiros sobre a idéia de assumir a liderança do governo no Senado em substituição a Aloizio Mercadante. O peemedebista disse não ter interesse. Ninguém tomou a resposta por definitiva.

Corte e costura
A cúpula do PFL tentava ontem alinhavar um acordo para que Pauderney Avelino (AM) assuma a presidência de alguma comissão na Câmara. Em troca, deixaria a liderança do partido para José Carlos Aleluia (BA).

Motivo oculto
Coordenadores da greve da PF, marcada para hoje, acusam o governo de não ter feito esforço para evitar a paralisação na tentativa de retardar investigações do caso Waldomiro Diniz.

Alta tensão
O sindicalista Francisco Garisto fez a acusação a Sérgio Sérvulo, chefe de gabinete de Márcio Thomaz Bastos (Justiça), durante reunião para tentar impedir a greve. Sérvulo ficou bastante contrariado, e os dois tiveram de ser contidos. O governo descarta a tese divulgada pela PF.

Polícia zero
A orientação da Federação Nacional de Policiais Federais é para que os agentes fechem seus postos de trabalho, sem prestar nem mesmo os 30% de serviços previstos em lei. Os grevistas querem equiparação salarial com carreiras de nível superior.

De carona
Senadores da oposição procuraram os líderes da greve da PF para obter munição contra o governo. Com informações sobre a paralisação, irão à tribuna contestar o argumento de que a investigação da polícia tornaria dispensável a CPI natimorta.

Como os mortais
O premiê de Portugal, Durão Barrozo, veio ao Brasil na classe executiva de avião de carreira da TAP. O governo português tem apenas um jatinho, usado para viagens dentro da Europa. Deslocamentos maiores são realizados em aviões comerciais.

Não é para já
Quem cobra de caciques tucanos definição de nome para a eleição paulistana ouve máxima atribuída ao ex-governador mineiro Hélio Garcia: "Candidato, só depois da Semana Santa".

TIROTEIO

Do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros sobre o ministro Aldo Rebelo, para quem o colega Antonio Palocci "é o nosso Deng Xiao Ping":
-É o contrário. Deng foi capaz de perceber o fracasso do modelo econômico soviético e mudou o rumo da China. Palocci radicaliza o modelo que aumentou o endividamento do país, piorou a vida do brasileiro e levou FHC à derrota. A comparação do ministro é reveladora do desprezo do atual governo pela nossa inteligência.

CONTRAPONTO

Questão bibliográfica

No livro "Castello - A Marcha para a Ditadura", a ser lançado nesta semana, o jornalista Lira Neto narra bastidores da articulação que levou Castello Branco à Presidência (1964-1967).
Conta o autor que, depois de hesitação inicial, Juscelino Kubitschek aderiu à idéia da candidatura militar. Chegou a procurar Tancredo Neves na tentativa de convencê-lo a também apoiar a indicação do marechal cearense à Presidência.
O ex-líder de João Goulart na Câmara resistiu. Disse que não votaria no candidato dos golpistas. Juscelino insistiu. Ponderou que havia a promessa de realização de eleições dali a um ano.
Além disso, lembrou que Castello era tido nos quartéis como um intelectual. Portanto, já deveria ter lido tantos livros quanto o próprio Tancredo.
-O problema é que ele leu os livros errados- rebateu Tancredo, encerrando o assunto.


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