São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2005

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ESTILO SEVERINO

Da presidência, deputado ataca Goldman

Severino relembra suspeitas sobre a gestão de tucano nos Transportes; parlamentar reage

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após ler decisão de arquivamento do pedido do PSDB, Severino Cavalcanti (PP-PE) usou o microfone com o qual presidia a sessão para tirar satisfações com o líder tucano Alberto Goldman (SP), o que provocou o primeiro bate-boca da sua gestão.
Irritado com a avaliação de que o PP estaria usando a ameaça de processo contra Lula nas negociações da reforma ministerial, Severino reagiu: "Tenho que pedir uma atenção especial ao nobre líder Goldman quando ele ocupa a imprensa para dizer que o presidente da Casa não havia tomado providência porque estava barganhando. Barganhando cargos", disse Severino, elevando a voz.
"Eu não admito, porque ele deveria olhar o seu passado, o passado dele. Eu posso chegar em qualquer região..., mas está aqui: "Critérios duvidosos na privatização da Via Dutra". Não sou eu quem está dizendo", afirmou Severino, balançando uma cópia de uma coluna do jornalista Janio de Freitas publicada em 1993 na Folha.
Goldman respondeu de um dos microfones do plenário: "Eu não ofendi Vossa Excelência em momento nenhum. Em momento nenhum eu fiz declarações de que Vossa Excelência está barganhando", disse o tucano.
"Está na imprensa", retrucou Severino. "O senhor não tem prova nenhuma disso. Vossa Excelência deveria ter tomado o cuidado de verificar se isso é verdade", continuou Goldman. "Está na imprensa", repetia Severino.
Nesse momento, o tucano explodiu em berros: "Da imprensa? Da imprensa? De um jornalista que um dia falou alguma coisa contra alguém? Quantas vezes foi falado contra Vossa Excelência, quantas vezes foi falado contra deputados desta Casa? Vossa Excelência não respeita a dignidade dos deputados", disparou a gritar o tucano, enquanto Severino tentava desligar seu microfone.
"Eu nunca fui convocado na minha vida, nunca fui indiciado. (...) Vossa Excelência tem que ter mais cuidado na presidência da Casa", gritava o Goldman.
O artigo de Janio de Freitas, intitulado "A derrapagem de Goldman", tratava das regras para a entrega da Via Dutra à exploração privada no governo Itamar Franco (1992-1994), de quem Goldman foi ministro dos Transportes. Segundo o texto, os critérios adotados evidenciavam a finalidade de restringir a concessão às grandes empreiteiras.
Em nota, a bancada do PSDB na Câmara afirmou que Severino "foi imprudente e incorreto ao divulgar informações repassadas por terceiros". O texto, divulgado à noite, diz ainda que a atitude do pepista "deixou a sociedade brasileira e o plenário perplexos".


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