São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2005

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DIA DA MULHER

Mulheres ligadas a movimentos rurais cobram medidas do governo

Lula ouve queixas e chora ao lembrar trajetória da mãe

Lula Marques/Folha Imagem
O presidente Lula chora ao se lembrar da mãe durante discurso


EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A APODI (RN)

No Dia Internacional da Mulher, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu ontem, em Apodi (RN), uma série de cobranças pontuais de feministas ligadas a movimentos e sindicatos rurais. Em seguida, em discurso improvisado de meia hora, Lula chorou ao falar de sua mãe, Eurídice, e de sua mulher, Marisa Letícia.
Entre as cobranças feitas no assentamento Milagres, estão a implantação da reforma agrária, o fortalecimento da saúde e educação no campo. Todos os pedidos vieram em tom ameno. O presidente foi a Apodi para o lançamento de campanha de incentivo ao acesso a créditos voltados para trabalhadoras rurais. A primeira a falar foi Elisângela dos Santos Araújo, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RN. "A linha de crédito é importante, mas precisamos de muito mais."
O presidente respondeu às cobranças dizendo que os nordestinos não podem viver de "políticas compensatórias" e destinou a maior parte da fala às mulheres.
"Eu devo parte do que eu sou à minha mãe, uma nordestina de Garanhuns [PE] que teve a coragem de colocar oito filhos num pau-de-arara e sobreviver em São Paulo. (...) E, quando ela chegou para se encontrar com o maridão dela, ele estava casado com outra. Ela não perdeu a ternura e cuidou dos oito filhos sozinha e conseguiu até fazer com que um deles chegasse à Presidência", disse, com os olhos cheios de lágrimas.
Emocionado, admitiu que Marisa foi "mãe e pai" de seus filhos. "De vez em quando, eu digo que a Marisa foi a mãe e o pai dos meus filhos. Primeiro, pela minha atividade sindical, eu não estava junto com ela em nenhum momento em que nasceram os meus filhos. Depois, eu nunca estava em casa para ver o boletim da molecada."
E, ao falar da trajetória das mulheres na política, o presidente ainda pediu, em tom de brincadeira, que nenhuma delas atrapalhe sua candidatura em 2006. "Espero que vocês não sejam desaforadas e não comecem a pensar logo na Presidência da República."

Queixas
Maria Auxiliadora Cabral, coordenadora de um movimento feminista de Pernambuco, cobrou agilidade na emissão de documentos. "Até hoje lutamos pela documentação das trabalhadoras rurais. As políticas públicas precisam chegar ao campo." A última a discursar antes de Lula foi Raimunda Celestina, da coordenação nacional de mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. "Precisamos de uma reforma agrária para os homens e para as mulheres."


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