São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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INVESTIGAÇÃO
Jorge La Salvia, argentino que foi procurador de PC Farias, reaparece nos casos da Cehab do Rio e do grampo no BNDES
Collorido ressurge em duas novas crises

MARCELO BERABA
Diretor da Sucursal do Rio

ANTONIO CARLOS DE FARIA
da Sucursal do Rio

O argentino Jorge La Salvia é o ponto comum de três grandes crises recentes na política brasileira.
Ele foi o procurador de Paulo César Farias, o PC, durante todo o governo Collor. É o estopim das investigações na Cehab/RJ, do governo Anthony Garotinho, pela amizade com outro collorido, Eduardo Cunha. E aparece agora nas investigações que apuram a autoria dos grampos no BNDES.
A Folha apurou que foram detectadas várias ligações telefônicas entre Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo, indiciado como um dos autores do grampo, e Jorge La Salvia.
O grampo realizado em julho de 1998, nos dias que precederam o leilão de privatização da Telebrás, registrou conversas entre integrantes do governo federal que estariam privilegiando um dos grupos participantes do processo.
O jornal procurou La Salvia ao longo da semana e deixou recados nos seus telefones, mas não houve resposta.
A presença constante de La Salvia na Cehab (Companhia Estadual de Habitação) a partir de setembro de 99 provocou a abertura de duas sindicâncias no governo Garotinho, ainda sem conclusão divulgada. Ele era suspeito de lobby junto ao presidente da Cehab, Eduardo Cunha. A companhia informou, no entanto, que La Salvia representava a empresa Caci (Central de Administração de Créditos Imobiliários Ltda.), que já tinha ganho duas licitações para serviços de informática.
Cunha chegou a afirmar que não via La Salvia há muito tempo, mas um diretor da Caci revelou para a Folha que tinha sido apresentado ao argentino no gabinete do presidente da Cehab.
La Salvia e Cunha participaram do governo Collor. La Salvia foi procurador de PC. Cunha foi secretário da Executiva do PRN, durante a campanha eleitoral de 89. Em fevereiro de 91, assumiu a presidência da Telerj.
Em 96, La Salvia, Cunha, Daniel Tourinho (ex-presidente do PRN) e outras 39 pessoas foram autuados num dos processos que investiga o esquema PC. Cunha obteve naquele ano um habeas corpus no Tribunal Regional Federal que trancou a ação contra ele. La Salvia responde a três outros processos originados no período Collor, por sonegação.
Cunha chegou ao governo de Garotinho por indicação do deputado federal Francisco Silva (PST). Como o governador, Cunha e Silva são evangélicos.
Eles têm um outro fator em comum: o advogado Carlos Kenigsberg. Foi Kenigsberg quem representou, em janeiro, Silva no leilão em que o deputado arrematou a casa onde Cunha mora, na Gávea (zona sul).
O deputado disse que fez isso para que seu amigo Cunha pudesse ficar na casa que alugava. O negócio é contestado na Justiça e Cunha ainda paga o aluguel de R$ 6.500. Kenigsberg é também advogado de Telmo.


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