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Investigações começaram na Cehab do Rio
da Sucursal do Rio
O primeiro sinal da crise que
se generalizou no primeiro escalão do governo Garotinho começou na Cehab/RJ, presidida por
Eduardo Cunha.
Além das duas sindicâncias
abertas para investigar a presença de Jorge La Salvia, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) iniciou investigação para apurar irregularidades em quatro licitações feitas pela empresa.
Eduardo Cunha foi indicado
para a Cehab pelo deputado
Francisco Silva, que começou o
governo Garotinho como secretário de Habitação.
Em agosto do ano passado, Silva nomeou Cunha seu subsecretário. No mês seguinte, Cunha
assumiu a presidência da Cehab.
No dia 1º de outubro, a Secretaria de Habitação foi extinta
por Garotinho e Silva reassumiu
seu mandato parlamentar. Cunha continuou na Cehab.
Os dois estão juntos há muitos
anos. Desde 1995, Cunha presta
serviços à Rádio Melodia, de
propriedade do deputado, segundo informou à Folha.
Os dois foram sócios na empresa de turismo Montour, adquirida em fevereiro de 96. Cunha deixou a empresa meses depois, passando a sua parte para
Silva, que vendeu a empresa em
fevereiro de 97 por R$ 202.300.
A Folha teve acesso legalmente, através do TRE, às declarações de renda de Cunha e de Silva de 1998, referentes ao ano de
97, entregues quando se candidataram, respectivamente, a deputado estadual e federal pelo
PPB. Cunha declarou, então,
rendimento anual de R$
59.590,00, provenientes de pessoa física não identificada, o que
lhe deu uma renda média mensal de R$ 4.965,00.
Ele informou para Folha que
recebeu pagamentos por serviços prestados à Rádio Melodia,
de Francisco Silva, embora tenha declarado esses rendimentos como provenientes de pessoa física e não jurídica.
Na relação de bens de 97, Cunha declarou um automóvel
Mazda (93), a metade de um
imóvel na Barra, adquirido da
ex-mulher Cristina Dytz, avaliado por ele em R$ 100 mil, e quatro linhas telefônicas.
Seu patrimônio declarado em
97 somava R$ 135 mil. Cunha informou que seu patrimônio se
mantém praticamente inalterado desde 1996. A única mudança
foi de carro. Trocou o Mazda
por um Ford Taurus 97.
Segundo Cunha, 97 foi um ano
"muito difícil" para ele, que teve
de aumentar o seu endividamento para bancar despesas
pessoais. As dívidas cresceram
de R$ 111.929 em 96 para R$
188.492,59 em 97.
A maior dívida, no dois anos,
foi com o Banco Boreal (R$
109.029 em 96 e R$ 183.705,76
em 97). O mesmo banco aparece
na vida de Cunha em 98, não como credor, mas como principal
doador da sua campanha para
deputado estadual pelo PPB.
Na sua prestação de contas ao
TRE, ele declara ter recebido R$
216.418,68 de duas empresas. O
Banco Boreal contribuiu com R$
151.909,27.
Segundo Cunha, o presidente
do Banco Boreal, Gonçalo Torre
Alba, é seu amigo pessoal e vem
lhe ajudando com empréstimos
bancários e com a doação para a
campanha de 98.
A outra empresa mencionada
é a Vise-Vigilância e Segurança
Ltda, com R$ 64.509,41.
A Vise e Cunha foram processados pela Telerj a partir de outubro de 94 por suspeita de irregularidades no contrato entre a
empresa de segurança e a companhia telefônica durante o período em que Cunha foi presidente, no governo Collor.
Segundo Cunha, o TCU não
constatou qualquer problema
no contrato com a Vise.
O diretor da Vise, Luiz Carlos
Rigo Rocha, confirmou que deu
a contribuição para a campanha
de Eduardo Cunha. Segundo ele,
o pedido para a contribuição foi
feito pelo deputado Francisco
Silva. Foi a única campanha que
a empresa ajudou.
No Imposto de Renda de 98/
97, o deputado Francisco Silva
declarou um patrimônio de R$
2,06 milhões.
Nesta semana, segundo o jornal "O Globo", o deputado afirmou que tem um patrimônio de
R$ 12 milhões. Isso representaria
um crescimento de cerca de
500% nos últimos dois anos.
"Eu sempre na minha vida me
preocupei com a Receita Federal, nunca com jornalista. Agora
vou ter que me preocupar também com jornalista, quando eu
comprar ou vender", afirmou o
deputado para a Folha, quando
questionado sobre a origem do
dinheiro usado na compra da
casa onde mora Cunha, por cerca de R$ 250 mil.
Silva diz que é um homem de
negócios, que começou como
ambulante nos anos 50, chegou
a dono do laboratório fabricante
do Atalaia Jurubeba, produto
para o fígado, e que já comprou
um terreno de 200 mil metros
quadrados da apresentadora
Xuxa. A declaração de IR de 97
confirma a compra do terreno,
em Campo Grande, por R$ 135
mil. No local, funciona hoje uma
creche que atende cerca de 70
crianças de famílias carentes.
A instituição se chama Cidade
Melodia das Crianças. Melodia
também é o nome da rádio FM
que Silva comprou em 1986 e
que, com programação evangélica, hoje está no terceiro lugar
em audiência no Rio.
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