São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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Líder aponta "contradição' nos festejos

da Sucursal de Brasília

Líder dentre os cerca de 1.300 xukurus-kariris de Palmeira dos Índios (AL), Etelvina Santana Silva, 34, conhecida como Maninha Xukuru, se vale do exemplo doméstico para demonstrar sua indignação com a "contradição" nas comemorações oficiais dos 500 anos.
"O governo gasta R$ 45 milhões para comemorar o que chama de "Descobrimento do Brasil", mas todos os anos diz que não tem dinheiro para as demarcações e homologações de nossas terras", afirma Maninha.
Ela mora numa das três aldeias xukurus do município, que ocupam menos de mil hectares descontínuos e ainda não são demarcadas. "Reivindicamos 13.020 hectares, mas a resistência é grande, especialmente por parte dos latifundiários."
Coordenadora da marcha no Nordeste, em Minas Gerais e no Espírito Santo, Maninha disse nada faz além do seu dever de índia, nascida e criada numa aldeia. "É obrigação de todos os índios colaborarem para a releitura da história", afirmou. (WF)

Folha - O que significa essa marcha indígena no momento dos 500 anos?
Maninha Xukuru -
A marcha demonstra o nosso repúdio às comemorações oficiais. Os povos indígenas têm sofrido violências e massacres de todos os tipos nestes cinco séculos. Dezenas de nações indígenas foram totalmente eliminadas. Nós mostraremos a real situação em que vive o nosso povo: miséria, negação dos nossos direitos, discriminação e outras agressões.

Folha - O que vocês esperam dessa marcha?
Maninha -
Esperamos a consolidação do movimento indígena no país e esperamos que a sociedade assuma como sua essa história e que reformule a versão oficial, respeitando e defendendo os povos indígenas. Enquanto o governo brasileiro estará festejando, nós vamos denunciar e mostrar ao mundo o que o Brasil fez com os donos desta terra e como está tratando os que resistiram.


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