|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Líder aponta
"contradição'
nos festejos
da Sucursal de Brasília
Líder dentre os cerca de
1.300 xukurus-kariris de Palmeira dos Índios (AL), Etelvina Santana Silva, 34, conhecida como Maninha Xukuru, se vale do exemplo doméstico para demonstrar
sua indignação com a "contradição" nas comemorações oficiais dos 500 anos.
"O governo gasta R$ 45
milhões para comemorar o
que chama de "Descobrimento do Brasil", mas todos
os anos diz que não tem dinheiro para as demarcações
e homologações de nossas
terras", afirma Maninha.
Ela mora numa das três aldeias xukurus do município,
que ocupam menos de mil
hectares descontínuos e ainda não são demarcadas.
"Reivindicamos 13.020 hectares, mas a resistência é
grande, especialmente por
parte dos latifundiários."
Coordenadora da marcha
no Nordeste, em Minas Gerais e no Espírito Santo, Maninha disse nada faz além do
seu dever de índia, nascida e
criada numa aldeia. "É obrigação de todos os índios colaborarem para a releitura
da história", afirmou.
(WF)
Folha - O que significa essa marcha indígena no momento dos 500 anos?
Maninha Xukuru - A marcha demonstra o nosso repúdio às comemorações oficiais. Os povos indígenas
têm sofrido violências e
massacres de todos os tipos
nestes cinco séculos. Dezenas de nações indígenas foram totalmente eliminadas.
Nós mostraremos a real situação em que vive o nosso
povo: miséria, negação dos
nossos direitos, discriminação e outras agressões.
Folha - O que vocês esperam dessa marcha?
Maninha - Esperamos a
consolidação do movimento
indígena no país e esperamos que a sociedade assuma
como sua essa história e que
reformule a versão oficial,
respeitando e defendendo os
povos indígenas. Enquanto
o governo brasileiro estará
festejando, nós vamos denunciar e mostrar ao mundo
o que o Brasil fez com os donos desta terra e como está
tratando os que resistiram.
Texto Anterior: Governo tenta impedir atos contra FHC Próximo Texto: Questão agrária: UDR elegerá presidente "radical" Índice
|