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Dono da Usimar diz ter assinado
cheques para obter verba da Sudam
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O controlador da Usimar, o empresário Teodoro Hübner Filho,
de Curitiba, afirmou ter "assinado
vários cheques" antes de obter a
liberação dos R$ 44 milhões de
verbas da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) para a indústria
de autopeças que pretendia montar no Maranhão.
A declaração de Hübner foi dada ao jornal "Gazeta do Povo", do
Paraná, e publicada anteontem.
Hübner, na entrevista, aponta
dois executivos que contratou
-Valmor Felipetto e Amauri
Cruz dos Santos- como os responsáveis pela distribuição dos
cheques. "Antes das liberações assinei muitos cheques, mas era tudo coisa que Felipetto e Santos me
apresentavam como despesas necessárias", afirmou.
Felipetto negou ontem à Agência Folha que tenha atuado no
projeto Usimar. "Ele é um cínico", disse (veja texto nesta página). Hübner não deu nova entrevista. "Ele disse que só volta a falar
com a imprensa quando quiser",
informou a secretária.
O projeto Usimar foi aprovado
pelo Conselho da Sudam em dezembro de 1999. A indústria consumiria R$ 1,38 bilhão. Teve o aval
dos ex-governadores Roseana
Sarney (PFL), do Maranhão, e
Dante de Oliveira (PSDB), de Mato Grosso. Hübner conseguiu ver
o projeto aprovado mesmo sem
apresentar garantias.
Roseana foi acusada por ter presidido a reunião em que o projeto
Usimar foi aprovado, por 19 dos
20 conselheiros. Só votou contra o
representante do Ministério da
Fazenda, José Tostes Neto, que
alertou os conselheiros para a inconsistência da escrituração da
Usimar. Depois da reunião, Jorge
Murad procurou Tostes para tentar demovê-lo da resistência, mas
não teve êxito.
A Usimar é um dos projetos
mais polêmicos da Sudam e levou
a Polícia Federal a investigar, entre outros, Roseana Sarney seu
marido Jorge Murad.
A contrapartida que o empresário dizia possuir se resumia ao direito de parte de uma sentença judicial de posse de terra. A ação
tramita na Justiça há 106 anos. Se
executada, desapropriaria 32 municípios no Paraná.
Ele afirma ter investido na infra-estrutura da Usimar todo dinheiro que liberou na Sudam. Em São
Luís, a empresa não passa de um
canteiro de obras abandonado.
Na entrevista que concedeu em
Curitiba, o empresário disse que o
único contato com Roseana "foi
um aperto de mão no final da sessão do Conselho que tratou do
projeto". Não há referência a Jorge Murad, marido dela.
Hübner atribui o pagamento de
propinas "a trapalhadas" de seus
prepostos, mas afirma ter contratado diretamente Aldenor Rebouças- da A. C. Rebouças, também investigado por desvios da
extinta Sudam-, como gerente
da Usimar no Maranhão, em outubro de 2000.
Mas o destino das supostas propinas é mistério. Segundo o empresário, a lista dos destinatários
dos cheques que assinou para o
pagamento da propina já é do do
conhecimento da Polícia Federal.
Ele diz ter repassado a informação à PF. O delegado regional,
Ademir Gonçalves, disse que pela
PF do Paraná "não passou nada."
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