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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Programa de Duda Mendonça evita atacar FHC e diz que "PT não vai tolerar desrespeito" à propriedade produtiva
TV exibe Lula na defensiva e longe do MST
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O pré-candidato à Presidência
Luiz Inácio Lula da Silva e o PT
aparecem na defensiva nos programas estaduais do partido exibidos ontem. Lula -a quem foi
destinado de um quarto a metade
dos programas, em decisão de cada diretório regional- justifica
sua posição em pontos frágeis de
sua candidatura, assim definidos
por meio de pesquisas qualitativas, como reforma agrária, dívida
externa e inflação. O petista não
critica diretamente os adversários
ou mesmo o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
No programa, cuja parte nacional foi dirigida pelo publicitário
Duda Mendonça, Lula começa se
defendendo das ações do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), sem citá-lo diretamente ou mencionar a criticada invasão da fazenda dos filhos
de FHC, em 23 de março.
"É claro que somos a favor da
reforma agrária. É uma questão
de justiça. Ela será feita de forma
planejada e pacífica. Terra é o que
não falta no Brasil", afirmou.
"Você, que tem a sua terra e produz, saiba que um governo do PT
não vai tolerar desrespeito à sua
propriedade", tenta tranquilizar.
Escaldado pelas críticas ao Plano Real em 1994, que levaram sua
rejeição na época ao pico de 40%
dos eleitores, segundo o Datafolha, Lula adota tom conciliador.
"Manter um rigoroso controle da
inflação é nossa prioridade. Mas
com crescimento econômico, geração de empregos e distribuição
de renda."
O petista também responde às
críticas -principalmente de órgãos e entidades do exterior- de
que poderia dar um calote ou suspender o pagamento da dívida externa. "Vamos honrar todos os
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Mas vamos
também renegociar condições
mais favoráveis ao nosso país."
Para responder ao suposto despreparo de Lula e do PT para
exercer a Presidência, também
apontado em qualitativas (pesquisas que reúnem grupos de eleitores para que cometem as qualidades e defeitos de um candidato), há duas menções distintas.
Na primeira, Lula aparece em
um cenário que reproduz amplo
escritório de trabalho com mais
de cem pessoas. O petista se movimenta entra elas -em imagens
nas quais aparecem sentados, como se estivessem trabalhando,
nomes como os economistas Maria da Conceição Tavares e Paul
Singer e o físico Luiz Pinguelli Rosa, entre dezenas de outros- e
afirma que seu programa de governo é trabalho de 4.000 pessoas.
A outra menção é sobre o número de Estados (6), capitais (7) e
prefeituras (mais de 180) que o
partido administra. O PT incluiu
nesse cálculo administrações que
assumiu apenas no fim-de-semana passado, com a renúncia dos
que vão disputar cargos diferentes daqueles que exerciam.
Queixas de setores religiosos à
pretendida aliança com o PL
-que tem em seus quadros
membros da Igreja Universal-
também são justificadas, desta
vez por meio do jingle de Lula.
"Não importa a sua crença nem a
forma de se pensar, cada um tem
o seu jeito de pedir e de rogar."
Outra crítica comum ao PT
-ser um partido que torce contra- também é respondida no
jingle: "Agora eu quero você, te
ver torcendo a favor. A favor do
que é direito, da decência que restou, a favor de um povo pobre".
Apresentado pela atriz Giulia
Gam, o programa termina com
Lula dizendo: "O governo começou a meter na cabeça das pessoas
que o PT era o bicho-papão
(...)Uma hora dessas isso vai acabar, não vai?"
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