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CONGRESSO
Deputados pefelistas lideram obstrução de trabalhos na Câmara
PFL propõe salário mínimo de R$ 260
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PFL resolveu ontem subir o
tom contra o Planalto e marcar
terreno como o maior partido de
oposição no Congresso. Além de
defender um salário mínimo de
R$ 260, R$ 20 a mais que o anunciado pelo governo, os pefelistas
lideraram uma obstrução aos trabalhos da Câmara. Resultado: nada foi votado ontem na Casa.
Apoiado pelo PSDB, o partido
conseguiu adiar a apreciação das
sete medidas provisórias que
trancam a pauta de votações. O
governo pretendia votá-las o mais
rápido possível para limpar o caminho para assuntos considerados de maior importância, como
a Lei de Falências e as reformas
constitucionais, que devem chegar à Câmara ainda neste mês.
O objetivo do PFL, segunda
maior bancada na Câmara (77 deputados) e no Senado (18 senadores), foi tentar elevar o cacife de
negociação, transmitindo a mensagem de que pode, se quiser,
causar problemas ao governo.
O mínimo de R$ 260, que representaria uma elevação real de
10,17%, contra 1% do reajuste do
governo, foi definido em acordo
entre o presidente da legenda, senador Jorge Bornhausen (SC), o
líder do partido no Senado, José
Agripino (RN), e o líder na Câmara, José Carlos Aleluia (BA).
A proposta seria apresentada
ainda ontem por meio de emenda
à MP 116, que instituiu o valor do
mínimo em R$ 240. Sua aprovação se dá por meio de maioria
simples na Câmara e no Senado, o
que é, no caso, de difícil obtenção,
pois não há apoio do governo, do
PMDB (maior bancada do Senado e terceira maior da Câmara)
nem, a princípio, do PSDB, segundo maior partido de oposição.
Obstrução
A autoria da emenda pefelista ficou a cargo do deputado Eduardo
Paes (RJ), que apresentou duas
fontes para o reajuste: o aumento
da arrecadação federal no primeiro bimestre e o uso do dinheiro
reservado às emendas parlamentares. O PSDB anunciou que fecha
hoje estudo sobre o valor do mínimo que defenderá e não deu, a
princípio, aval à proposta do PFL.
O deputado Aldo Rebelo (PC do
B-SP), líder do governo na Casa,
rebateu a proposta pefelista dizendo que R$ 240 é o que o governo julga poder oferecer.
A outra frente de "ataque" pefelista ao governo foi definida no
início da tarde, após reunião das
lideranças partidárias na Câmara.
O partido se declarou "em obstrução" após negar a oferta do governo que reservaria 20% das relatorias de MPs à oposição. O partido
exige 30%, ou seja, número próximo à representação do PFL e
PSDB na Câmara, 27%.
O problema é que os governistas lembram que, na administração passada, as relatorias das MPs
eram distribuídas somente entre
os partidos da base aliada.
Devido ao não fechamento do
acordo, o PFL, com o apoio do
PSDB, usou meios regimentais de
obstrução às votações, o que resultou em várias e demoradas discussões entre oposição e governo.
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