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"Trouxe a Dilma aqui pra sorrir pra vocês", diz Lula a jornalistas
Na tentativa de preservar imagem de ministra, presidente "desfila" com ela no Planalto e lhe diz para esquecer efeitos do caso dossiê
Hostil, Dilma afirma que só vai falar sobre caso após a PF concluir apurações; Lula diz a senadores que poderia ter feito dossiês no 1º mandato
KENNEDY ALENCAR
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversa reservada na
manhã de ontem com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil),
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva a aconselhou a ignorar
desgastes políticos provocados
pelo caso dossiê e se concentrar
no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), segundo
a Folha apurou.
Mais tarde, antes do início da
cerimônia de lançamento do
programa Banda Larga nas Escolas, no Palácio do Planalto, o
presidente puxou a ministra
pelo braço, levou-a diante das
câmeras e afirmou a jornalistas, rindo: "Eu trouxe a Dilma
aqui pra sorrir pra vocês". Ela
sorriu, mas saiu imediatamente para o palco da cerimônia.
Dilma seguiu à risca o conselho de Lula. Enquanto descia
escadas no Planalto, foi questionada sobre o dossiê, elaborado na Casa Civil, com dados sobre gastos do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e
de sua equipe. Passou reto, sem
responder às perguntas.
Em outra oportunidade de
entrevista, ela não quis tratar
do dossiê. Ignorou perguntas
sobre a entrada da Polícia Federal no caso. Diante da insistência dos repórteres, foi ríspida: "Minha filha, eu não vou
dar esta entrevista. Enquanto
ela [a PF] estiver investigando,
eu não falo, tá?". E saiu de cena.
Ao discursar no lançamento
do programa Banda Larga, a
ministra elogiou sua secretária-executiva, Erenice Alves
Guerra, apontada como a responsável por ter ordenado a
produção do dossiê, cujos trechos vazaram para políticos.
Erenice também participou
do lançamento do programa.
Chegou junto com Dilma e Lula. O presidente não discursou.
A ministra disse que o projeto "vai mudar o Brasil". Listou
empresários e ministros envolvidos na ação, além de cinco
funcionários da Casa Civil
-começando por Erenice.
Na avaliação de Lula, a oposição quer paralisar o governo e
exagera na importância do episódio do dossiê anti-FHC que
saiu de dentro da Casa Civil.
Lula acha que, se o PAC vingar
politicamente, uma eventual
candidatura de Dilma em 2010
não estaria inviabilizada.
Além do apoio do presidente,
a ministra conta ainda com solidariedade generalizada no
primeiro escalão. O ministro
Hélio Costa (Comunicações)
qualificou ontem a atuação de
Dilma como "absolutamente
especial" no projeto da banda
larga. À tarde, foi a vez do vice-presidente, José Alencar, defendê-la. Indagado se o desgaste de Dilma virou um problema
para o governo, afirmou: "Não
acredito. E nem acredito em
desgaste dela. Eu tenho a maior
confiança na ministra".
PDT
Em reunião com senadores
do PDT, Lula disse que, "se quisesse, poderia ter feito dossiê
contra muita gente, desde o primeiro mandato". Segundo relatos, Lula citou nominalmente
FHC e o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Se eu
fosse fazer um dossiê, seria desde 2003, contra o Arthur Virgílio, o Fernando Henrique. Estou fazendo levantamento de
todos os gastos, começando pelo meu governo", afirmou, de
acordo com senadores.
Colaborou ANDREZA MATAIS ,
da Sucursal de Brasília
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