São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2008

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"Trouxe a Dilma aqui pra sorrir pra vocês", diz Lula a jornalistas

Na tentativa de preservar imagem de ministra, presidente "desfila" com ela no Planalto e lhe diz para esquecer efeitos do caso dossiê

Hostil, Dilma afirma que só vai falar sobre caso após a PF concluir apurações; Lula diz a senadores que poderia ter feito dossiês no 1º mandato

KENNEDY ALENCAR
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversa reservada na manhã de ontem com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a aconselhou a ignorar desgastes políticos provocados pelo caso dossiê e se concentrar no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), segundo a Folha apurou.
Mais tarde, antes do início da cerimônia de lançamento do programa Banda Larga nas Escolas, no Palácio do Planalto, o presidente puxou a ministra pelo braço, levou-a diante das câmeras e afirmou a jornalistas, rindo: "Eu trouxe a Dilma aqui pra sorrir pra vocês". Ela sorriu, mas saiu imediatamente para o palco da cerimônia.
Dilma seguiu à risca o conselho de Lula. Enquanto descia escadas no Planalto, foi questionada sobre o dossiê, elaborado na Casa Civil, com dados sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua equipe. Passou reto, sem responder às perguntas.
Em outra oportunidade de entrevista, ela não quis tratar do dossiê. Ignorou perguntas sobre a entrada da Polícia Federal no caso. Diante da insistência dos repórteres, foi ríspida: "Minha filha, eu não vou dar esta entrevista. Enquanto ela [a PF] estiver investigando, eu não falo, tá?". E saiu de cena.
Ao discursar no lançamento do programa Banda Larga, a ministra elogiou sua secretária-executiva, Erenice Alves Guerra, apontada como a responsável por ter ordenado a produção do dossiê, cujos trechos vazaram para políticos. Erenice também participou do lançamento do programa.
Chegou junto com Dilma e Lula. O presidente não discursou. A ministra disse que o projeto "vai mudar o Brasil". Listou empresários e ministros envolvidos na ação, além de cinco funcionários da Casa Civil -começando por Erenice.
Na avaliação de Lula, a oposição quer paralisar o governo e exagera na importância do episódio do dossiê anti-FHC que saiu de dentro da Casa Civil. Lula acha que, se o PAC vingar politicamente, uma eventual candidatura de Dilma em 2010 não estaria inviabilizada.
Além do apoio do presidente, a ministra conta ainda com solidariedade generalizada no primeiro escalão. O ministro Hélio Costa (Comunicações) qualificou ontem a atuação de Dilma como "absolutamente especial" no projeto da banda larga. À tarde, foi a vez do vice-presidente, José Alencar, defendê-la. Indagado se o desgaste de Dilma virou um problema para o governo, afirmou: "Não acredito. E nem acredito em desgaste dela. Eu tenho a maior confiança na ministra".

PDT
Em reunião com senadores do PDT, Lula disse que, "se quisesse, poderia ter feito dossiê contra muita gente, desde o primeiro mandato". Segundo relatos, Lula citou nominalmente FHC e o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Se eu fosse fazer um dossiê, seria desde 2003, contra o Arthur Virgílio, o Fernando Henrique. Estou fazendo levantamento de todos os gastos, começando pelo meu governo", afirmou, de acordo com senadores.


Colaborou ANDREZA MATAIS , da Sucursal de Brasília


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