São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2008

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Oposição consegue criar nova CPI no Senado

Parlamentares do DEM e do PSDB queriam outra Comissão Parlamentar de Inquérito porque votações eram barradas por governo

Congresso terá 2 comissões para apurar gastos com os cartões corporativos, sendo uma delas mista; governo tem maioria em ambas

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sob protestos da base aliada ao governo, o Senado criou ontem uma CPI exclusiva para investigar o uso de cartões corporativos. O ato foi oficializado com a leitura em plenário do requerimento apresentado pela oposição em 19 de fevereiro.
DEM e PSDB fizeram pressão para o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), criar a CPI exclusiva. Isso porque a base aliada vinha impondo seguidas derrotas à oposição na CPI mista -composta por deputados e senadores e que foi instalada há cerca de um mês.
A nova comissão será formada por 11 integrantes titulares e 11 suplentes. Como já ocorre na CPI mista, aliados do governo terão maioria: oito cadeiras, contra três da oposição.
Para os governistas, a oposição descumpriu o acordo firmado durante o processo de instalação da CPI mista. Na oportunidade, o PMDB cedeu a vaga de presidente ao PSDB a fim de que fosse abortada a CPI exclusiva no Senado.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse ontem que a base poderá ficar com os dois postos de comando da CPI. Segundo ele, por ser a maior bancada na Casa, o PMDB tem o direito de indicar o presidente que, de acordo com o regimento, é quem nomeia o relator da comissão.
"Na nova CPI, vamos definir como atuar sem discutir com a oposição", disse Jucá. "Em qualquer lugar do mundo, oito é maior que três", completou.
Jucá disse que pretende radicalizar os embates. "Agora temos compromisso zero com a oposição. Caso contrário, vai ser a ditadura da minoria. Isso só acontece num regime não democrático", disse.
Logo após a leitura do requerimento de criação da CPI exclusiva, a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), questionou Garibaldi Alves, lembrando que ele havia dito que duas comissões sobre o mesmo assunto não poderiam funcionar.
"É um absurdo o que está acontecendo. Esta CPI só vai reproduzir o que está acontecendo na outra", disse Ideli.
Do seu lado, a oposição comemorou discretamente a instalação da CPI exclusiva. DEM e PSDB sabem que será difícil aprovar requerimentos do seu interesse na comissão, mas têm como estratégia recorrer ao plenário se forem derrotados.
"Eles [governistas] vão ter de pagar o preço diante a opinião pública", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio. "Depois vão recorrer ao STF, ao Tribunal de Haia e até ao papa", ironizou o líder do governo.
Em almoço realizado na residência oficial do Senado, Garibaldi Alves tentou mediar um acordo entre base aliada e oposição. Além de não ter sido bem-sucedido, ele acabou sendo criticado pela senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso.
"Nós temos de parar de falar que não estamos trabalhando. O que existe é uma disputa política, que é natural em ano de eleição", disse, referindo-se às declarações de Garibaldi feitas nas duas últimas semanas.
Ontem, um grupo de deputadas e senadores fez protesto contra o senador Mão Santa (PMDB-PI), que chamou a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) de "galinha cacarejante".


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