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Oposição consegue criar nova CPI no Senado
Parlamentares do DEM e do PSDB queriam outra Comissão Parlamentar de Inquérito porque votações eram barradas por governo
Congresso terá 2 comissões para apurar gastos com os cartões corporativos, sendo uma delas mista; governo tem maioria em ambas
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob protestos da base aliada
ao governo, o Senado criou ontem uma CPI exclusiva para investigar o uso de cartões corporativos. O ato foi oficializado
com a leitura em plenário do
requerimento apresentado pela oposição em 19 de fevereiro.
DEM e PSDB fizeram pressão para o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho
(PMDB-RN), criar a CPI exclusiva. Isso porque a base aliada
vinha impondo seguidas derrotas à oposição na CPI mista
-composta por deputados e senadores e que foi instalada há
cerca de um mês.
A nova comissão será formada por 11 integrantes titulares e
11 suplentes. Como já ocorre na
CPI mista, aliados do governo
terão maioria: oito cadeiras,
contra três da oposição.
Para os governistas, a oposição descumpriu o acordo firmado durante o processo de
instalação da CPI mista. Na
oportunidade, o PMDB cedeu a
vaga de presidente ao PSDB a
fim de que fosse abortada a CPI
exclusiva no Senado.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
disse ontem que a base poderá
ficar com os dois postos de comando da CPI. Segundo ele,
por ser a maior bancada na Casa, o PMDB tem o direito de indicar o presidente que, de acordo com o regimento, é quem
nomeia o relator da comissão.
"Na nova CPI, vamos definir
como atuar sem discutir com a
oposição", disse Jucá. "Em
qualquer lugar do mundo, oito
é maior que três", completou.
Jucá disse que pretende radicalizar os embates. "Agora temos compromisso zero com a
oposição. Caso contrário, vai
ser a ditadura da minoria. Isso
só acontece num regime não
democrático", disse.
Logo após a leitura do requerimento de criação da CPI exclusiva, a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), questionou Garibaldi Alves, lembrando que ele havia dito que duas comissões sobre o mesmo assunto não poderiam funcionar.
"É um absurdo o que está
acontecendo. Esta CPI só vai
reproduzir o que está acontecendo na outra", disse Ideli.
Do seu lado, a oposição comemorou discretamente a instalação da CPI exclusiva. DEM
e PSDB sabem que será difícil
aprovar requerimentos do seu
interesse na comissão, mas têm
como estratégia recorrer ao
plenário se forem derrotados.
"Eles [governistas] vão ter de
pagar o preço diante a opinião
pública", disse o líder do PSDB,
Arthur Virgílio. "Depois vão recorrer ao STF, ao Tribunal de
Haia e até ao papa", ironizou o
líder do governo.
Em almoço realizado na residência oficial do Senado, Garibaldi Alves tentou mediar um
acordo entre base aliada e oposição. Além de não ter sido
bem-sucedido, ele acabou sendo criticado pela senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso.
"Nós temos de parar de falar
que não estamos trabalhando.
O que existe é uma disputa política, que é natural em ano de
eleição", disse, referindo-se às
declarações de Garibaldi feitas
nas duas últimas semanas.
Ontem, um grupo de deputadas e senadores fez protesto
contra o senador Mão Santa
(PMDB-PI), que chamou a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) de "galinha cacarejante".
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