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Lula chega a uma Holanda que discute ataque ao Islã
Vídeo de deputado atinge livro sagrado do islamismo
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A HAIA
Luiz Inácio Lula da Silva chega hoje a uma Holanda que perdeu a inocência e a aura de
grande paraíso da tolerância.
Aura dada, no varejo, pelo fato de cafés de Amsterdã venderem livremente drogas leves
ou, mais recentemente, pela liberação do sexo em parques
públicos. Mas, mais do que esses detalhes, a Holanda era (ou
é ainda, depende do ponto de
vista) um exemplo de tolerância racial, política, religiosa.
O país a que chega o presidente brasileiro ainda está
traumatizado pelo vídeo "Fitna" ("Caos"), que o deputado
Geert Wilders (Partido pela Liberdade, extrema-direita) colocou na internet, atacando duramente o Corão, o livro sagrado
do islamismo.
Além do vídeo, Wilders, 44,
diz que é "preciso expulsar todos os muçulmanos da Holanda e fechar suas mesquitas e escolas". O governo e todos os demais partidos representados
no Parlamento condenaram o
vídeo e as posições de Wilders.
As relações com o Islã ganham crescente importância
na Europa, continente em que
vivem 16 milhões de muçulmanos ou 3% dos 495 milhões de
habitantes dos 27 países da
União Européia.
É nesse caldeirão que desembarca hoje o presidente Lula.
Mas é muito pouco provável
que o tema aflore nos dois dias
que Lula passará na Holanda. O
eixo do programa, cerimonial à
parte, são negócios.
A nota oficial do Itamaraty
diz que a visita "reflete o interesse dos dois países em intensificar o relacionamento bilateral em diferentes áreas e o diálogo entre o Brasil e os Países
Baixos sobre temas globais de
interesse comum".
Cabe aí tratar de migrações,
em especial a proveniente dos
países de maioria muçulmana,
até porque o governo Lula tem
dado forte impulso às relações
com o mundo árabe. No segundo semestre, está prevista uma
cúpula entre países árabes e os
do Mercosul.
Mas o predomínio será mesmo dos negócios. A Holanda se
tornou, em 2007, o primeiro investidor estrangeiro no Brasil,
com US$ 8,1 bilhões, quase um
quarto do montante total.
Na outra ponta, é grande
compradora. No ano passado, o
Brasil vendeu aos holandeses
cerca de US$ 8,8 bilhões e comprou apenas US$ 1,1 bilhão.
O número, em todo o caso,
embute o "efeito Roterdã", como diz a embaixadora Maria
Edileusa Fontenele, responsável por Europa no Itamaraty,
em uma alusão ao fato de que
parte importante dos US$ 8,8
bilhões nem fica na Holanda.
Entra pelo principal porto europeu para ser redistribuída.
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