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Senadores gastam média de R$ 6.000 mensais em celular
Conta da Casa em 2008 foi de R$ 8,6 mi; congressistas não têm limite de uso
Dados são do sistema de acompanhamento de gastos do Senado; diretor-geral se negou a divulgar valores pagos para cada senador
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado gastou R$ 8,6 milhões com pagamento de contas de telefones celulares no
ano passado, de acordo com dados do Siga Brasil (sistema de
acompanhamento dos gastos
de orçamento da Casa). Em
média, o gasto por congressista
foi de ao menos R$ 6.126 mensais, numa conta conservadora.
Segundo a Secretaria de Telecomunicações do Senado, a
Casa detém 232 aparelhos, dos
quais 110 estão com senadores.
Os demais, 122, são destinados
a servidores com cargo de chefia. O responsável pela distribuição é o diretor-geral.
Até março, o máximo que um
funcionário do Senado podia
gastar com celular era R$ 350
-para servidores com função
comissionada número 9, a mais
alta. No dia 18, o presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), rebaixou esse valor para
R$ 300. Já para diretores com
funções comissionadas números 7 e 8, o teto estabelecido foi,
respectivamente, de R$ 200 e
R$ 250. Senadores não têm limite de gastos.
Levando-se em consideração
o máximo que um servidor pode gastar, conclui-se que as despesas dos celulares dos servidores foram de R$ 512.400 em
2008. Portanto, o restante do
total gasto pelo Senado, R$ 8
milhões, é referente aos 110
aparelhos dos congressistas
-num cenário em que todos os
servidores gastassem o teto da
função mais alta. Dividindo o
valor por 12 meses chega-se à
conclusão de que os senadores
gastaram em média R$ 6.126
mensais por aparelho.
A Folha consultou as operadoras TIM e Vivo, que prestam
serviço ao Senado, para saber
quanto um cliente pessoa física
pode falar ao celular gastando
R$ 6.000 por mês. Pelo melhor
plano, é possível usar o aparelho por 11 horas diárias por 30
dias em ligações no Distrito Federal. Naturalmente, o volume
é apenas para fins de comparação, já que não faria sentido um
senador só fazer ligações locais.
Há oito dias, a Folha apresentou ofício encaminhado à
Primeira-Secretaria e à Diretoria Geral da Casa solicitando
informações sobre os gastos
gerais do Senado e o valor da
conta de cada senador.
No documento, a reportagem ressaltou que a publicidade dos gastos na administração
pública é direito estabelecido
no artigo 37 da Constituição.
Sem responder formalmente
ao ofício, o diretor-geral, Alexandre Gazineo, afirmou que o
pedido havia sido indeferido.
Questionado, o primeiro-secretário Heráclito Fortes
(DEM-PI) afirmou ser contra a
divulgação dos dados.
México
Em 18 de março, foi revelado
que um celular em posse do senador Tião Viana (PT-AC) teria
uma conta cujo valor "daria para comprar um carro popular".
A conta ficou em R$ 14 mil,
conforme o jornal "O Estado de
S. Paulo" mostrou ontem.
Questionado, Viana -que foi
candidato a presidente do Senado contra Sarney neste ano-
admitiu ter emprestado um celular do Senado para a filha viajar ao México por duas semanas em janeiro.
Para que o celular funcionasse, Viana enviou autorização
em seu nome solicitando a liberação de chamadas internacionais. Mas não avisou que o aparelho seria usado pela filha.
Na sexta-feira, o servidor
Carlos Roberto Moniz foi exonerado do comando da Diretoria de Telecomunicações, cargo
que ocupava desde 2004. Um
dos motivos foi a elaboração de
um relatório sobre "o mau uso
dos celulares" pelos senadores.
A Folha ouviu dois funcionários da Casa que tiveram acesso
ao documento. Um deles afirmou que não havia informação
sobre os gastos dos senadores.
Por meio da Secretaria de Comunicação do Senado, Moniz
nega ter produzido o relatório.
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