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CASO DOROTHY
CPT diz que acusado de morte de freira pressiona ex-assentados
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Durante os 11 meses em
que esteve em liberdade, o
fazendeiro Vitalmiro Bastos
de Moura, o Bida, acusado de
mandar matar a missionária
Dorothy Stang, em 2005,
voltou à região de Anapu
(PA), onde negociou a compra de lotes de terra de ex-assentados da reforma agrária,
segundo a CPT (Comissão
Pastoral da Terra) e o Ministério Público Federal.
Anteontem, o Tribunal de
Justiça paraense anulou o júri que o havia absolvido em
maio, mandou prendê-lo e
marcar novo julgamento. Até
a conclusão da edição, ele
não havia sido encontrado e
é tido como foragido.
Para José Amaro, antigo
aliado de Dorothy, padre de
Anapu e representante da
CPT na cidade, a atuação de
Bida configura "pressão" sobre pequenos proprietários.
Apesar de não serem ilegais, já que os donos das terras tinham os documentos,
as negociações são demonstração de poder, disse Amaro. Segundo ele, ao fazer as
aquisições Bida estava com
Dezinho, conhecido como
pistoleiro, e Délio Fernandes
(PRP), vice-prefeito de Anapu e que chegou a ser citado
pela PF como cúmplice, mas
nunca foi acusado. A Folha
não conseguiu localizá-lo.
Para Felício Pontes, procurador da República, Bida
pode ser testa-de-ferro de
Regivaldo Pereira Galvão, o
Taradão, outro acusado de
mandar matar a freira e que
deve ser julgado neste semestre. Em 2008, Taradão
foi preso sob a suspeita de
tentar comprar ilegalmente
lotes de assentados do projeto sustentável fundado pela
freira. Ele está em liberdade.
A possibilidade de Bida
ameaçar testemunhas foi
um dos motivos alegados para sua prisão, na decisão de
anteontem. Para anular a absolvição, eles consideraram
que a principal prova em favor de Bida, um vídeo no
qual outro acusado diz inocentar o fazendeiro, foi produzida sem autorização judicial, o que impediu contestações da Promotoria.
Eduardo Imbiriba, advogado de Bida, disse não ter
detalhes da vida do cliente e
chamou Amaro de "fanfarrão". Refutou a possibilidade
de Bida ser testa-de-ferro de
Taradão, cujo advogado, Jânio Siqueira, reafirmou a
inocência de seu cliente.
Ontem, a ONG Anistia Internacional comemorou a
reabertura do caso, chamando-a de "rara oportunidade
para se fazer Justiça" no Pará.
(JOÃO CARLOS MAGALHÃES)
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