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INVESTIGAÇÃO
Juiz foi contra anular laudo de acusado
Relator da apelação contra falso engenheiro aposenta-se do TRF
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O desembargador Sebastião de
Oliveira Lima, relator da apelação
que pede 16 anos de prisão para
Antonio Carlos Suplicy, falso engenheiro que superavaliou em R$
66,4 milhões imóvel com choupana na serra da Bocaina, deixou o
TRF-SP (Tribunal Regional Federal) na última terça-feira, por aposentadoria compulsória.
Com a saída de Oliveira Lima, o
caso de Suplicy deverá ser julgado
pela 1ª Turma do tribunal mantendo uma composição incomum: como o TRF não tem nomeado novos desembargadores,
a turma estará formada por três
juízes convocados e um desembargador (Roberto Haddad) acusado de falsificar documentos públicos e investigado por suspeita
de enriquecimento ilícito.
Haddad foi quem nomeou Suplicy, em 95, para a perícia no caso, mas não participou do julgamento no TRF, em 98: os juízes
convocados Casem Mazloum e
Pedro Lazarano acompanharam
o voto do relator Paulo Theotonio
Costa rejeitando o pedido de anulação do laudo de Suplicy.
Mas Haddad já havia rejeitado a
anulação das perícias de Suplicy.
Ele participou de votação em 97,
quando, pela primeira vez, o tribunal foi informado da suspeita
de falsidade do diploma que o perito apresentava a juízes.
Em 97, Haddad foi o relator do
julgamento de indenização contestada por Furnas Centrais Elétricas S.A. Na sessão, o Ministério
Público Federal questionou a perícia de Suplicy, informou o tribunal da suspeita de falsidade do diploma e pediu a conversão do julgamento em diligência. Não foi
atendido. Também participaram
daquela sessão, rejeitando a anulação do laudo, Theotonio Costa
(afastado do TRF, acusado de falsificar documento para beneficiar
traficante), e Oliveira Lima.
A mulher de Haddad, Maria
Cristina Haddad, foi advogada
em ação de usucapião, em Ubatuba, com base em perícia feita por
Suplicy. Quando a ação foi julgada no TRF, Haddad não atuou,
por impedimento, mas o recurso
foi julgado pela mesma turma e
foi mantido o laudo de Suplicy.
A apelação oferecida pelo MPF
em janeiro último havia sido distribuída para a desembargadora
Sylvia Steiner. Ela se deu por impedida, pois havia sido arrolada
como testemunha de acusação. O
processo foi então redistribuído
para Oliveira Lima, em março.
A Folha não conseguiu falar
com Oliveira Lima, tendo deixado
recado em seu gabinete, ontem. A
assessoria de imprensa do TRF
informa que estão para ser escolhidos dois novos desembargadores: um por merecimento e um a
partir de indicação do MPF.
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