São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006/SÃO PAULO

PT confirma vitória de senador em prévia; Marta diz que processo não deixou fissuras

Mercadante vai mirar em Alckmin para ajudar Lula

Ayrton Vignola/Folha Imagem
O senador Aloizio Mercadante, que venceu prévia do PT, ao lado de Marta Suplicy e Eduardo Suplicy


MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na largada pela campanha ao governo de São Paulo, quando oficializou a escolha do senador Aloizio Mercadante como candidato, o PT partiu para o ataque ao PSDB. A idéia do partido é utilizar a campanha no Estado para tentar desgastar a imagem do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, que foi governador de 2001 a março deste ano.
Muito atrás do postulante tucano ao Palácio dos Bandeirantes, o ex-prefeito José Serra -perde já no primeiro turno por 63% a 16%, segundo a última pesquisa Datafolha-, Mercadante deve concentrar os ataques em Alckmin, que em São Paulo está à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas.
Em seu discurso já como pré-candidato do PT (somente após a convenção partidária, em junho, o indicado é considerado oficialmente candidato), Mercadante disse que "eleger o governador de São Paulo é ajudar a reeleger o companheiro Lula". Ciente das dificuldades que o partido enfrentará no Estado, o presidente do PT-SP, Paulo Frateschi, confirmou que o objetivo principal da sigla é a reeleição de Lula. "A prioridade real é reeleger Lula e, para isso, estamos até renunciando a algumas candidaturas nos Estados", disse. Em São Paulo, ainda de acordo com Frateschi, o partido "será competitivo" à medida que conseguir reproduzir alianças amplas.
Mercadante, que foi colega de Alckmin na Câmara, fez críticas diretas ao tucano ao expor propostas para a segurança pública no Estado. "Minha divergência com o Alckmin é desde a época de deputado, do projeto dele para redução da maioridade penal para 16 anos. Eu pergunto a ele: é esse o caminho?", disse.
O senador afirmou que o PSDB, em 12 anos de governo no Estado, "interiorizou o crime organizado". Uma das principais propostas de Mercadante na área de segurança pública é acabar com a Febem e implementar uma nova política pública de controle e combate à infração juvenil.
"O Estado de São Paulo precisa de um governo caipira, que olhe mais para o interior, cujas prefeituras só recebem pedágios e presídios, e não investimentos", afirmou o senador.

Prévia
A referência ao interior reflete o resultado da prévia do PT, oficializado ontem. Mercadante derrotou a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy por 52,8% dos votos contra 47,2%. Foi no interior que ele obteve sua maior vitória: teve 17.489 votos contra 7.526. Na capital, Marta venceu por 16.591 a 8.390.
Ao anunciar o resultado da prévia, o PT tentou dar uma sinalização de unidade. Marta mostrou disposição em participar da campanha de Mercadante.
Para tanto, pediu ao senador que adotasse no programa de governo algumas das realizações efetivadas por ela na prefeitura, como a expansão dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e o bilhete único metropolitano. Mercadante concordou.
O senador já convidou o grupo da ex-prefeita a participar da coordenação de campanha. "Terminamos nossas prévias sem rachaduras, sem fissuras", disse Marta.
No anúncio oficial do nome de Mercadante como pré-candidato estavam presentes deputados envolvidos com o mensalão. Mercadante citou nominalmente Professor Luizinho, João Paulo Cunha e Angela Guadagnin, que, embora não tenha recebido dinheiro do esquema de Marcos Valério de Souza, protagonizou a "dança da pizza" para comemorar a absolvição, em plenário, do colega João Magno (PT-MG).
Mercadante fez questão de elogiar a postura de Marta e do grupo ligado a ela. O senador disse que foi difícil competir em certos locais na capital onde os aliados da ex-prefeita têm forte influência, caso de Capela do Socorro (zona sul) e de Itaim Paulista (zona leste), dominadas pela família Tatto e pelo vereador Joãozinho, respectivamente.
O senador disse saber que a tarefa de derrotar José Serra não será fácil. "Não vamos subestimar os adversários", disse. "Mas não é possível um candidato prometer o que prometeu e transferir a cidade para um prefeito que jamais seria eleito", afirmou, em referência ao fato de Serra ter deixado a prefeitura para Gilberto Kassab (PFL), apesar de ter assinado, durante a campanha de 2004, um termo de compromisso de que cumpriria o mandato até o fim.
Presente ao evento, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, alfinetou o PSDB. "O PT é um partido que não escolhe candidato numa mesa de quatro lugares, em um restaurante de luxo", afirmou.
Ele se referia a um dos episódios no processo de disputa interna no PSDB, no qual o então prefeito paulistano José Serra -que postulava a vaga à Presidência-, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, foram fotografados em um restaurante de luxo em São Paulo, onde discutiam a sucessão presidencial. Alckmin acabou escolhido.

Colaborou CHICO DE GOIS, da Reportagem Local

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