São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2007

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CPI empurra Infraero para o final

Roteiro prevê que, antes, sejam investigados o acidente com o avião da Gol, atrasos nos vôos e empresas aéreas

Comissão deve apurar crise da Varig, possíveis falhas da Gol no atendimento aos clientes e suspeitas de overbooking pela TAM


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI do Apagão Aéreo incluiu ontem a investigação das companhias aéreas entre suas prioridades, ao mesmo tempo em que deixou para o final a apuração das irregularidades em obras da Infraero (estatal que administra os aeroportos).
Esses pontos constam de um roteiro de trabalho apresentado pelo relator da comissão, Marco Maia (PT-RS), que inclui ainda 13 requerimentos de convocação de testemunhas, todos relacionados à queda do avião da Gol no ano passado, que deixou 154 mortos.
O choque do avião com um jato Legacy será o primeiro ponto a ser investigado. Pelo roteiro de Maia, o tema deve tomar todo o mês de maio.
Hoje, devem ser aprovadas as primeiras convocações. Entre elas, as do delegado da Polícia Federal Renato Sayão, que investigou o acidente, de dois líderes dos controladores de vôo (Jorge Botelho e Wellington Rodrigues), do presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, do presidente da Embraer (fabricante do Legacy), Frederico Curado, e de três militares da Aeronáutica que lidam com segurança aérea.
Após a investigação sobre o acidente, a CPI deve se debruçar, em junho, sobre os atrasos nos aeroportos. Em julho, o objeto da CPI seria a "organização e regulação do mercado". O documento apresentado pelo relator prevê que sejam abordadas a crise da Varig, possíveis falhas da Gol no atendimento a clientes e suspeitas de overbooking (venda de passagens em excesso) pela TAM.
"Temos que ver se as empresas aéreas estão obtendo seus lucros através de uma superutilização de seus aviões, e se isso também deve ser controlado", disse Carlos Zarattini (PT-SP).
A infra-estrutura aeroportuária -ou seja, as obras da Infraero- entraria na pauta entre 2 e 27 de agosto. O governo vê o tema com má vontade, já que a estatal era administrada por um petista próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Carlos Wilson (PE).
A oposição, em minoria na CPI, protestou, mas teve de se submeter ao roteiro do governo. "O roteiro está muito amarrado", disse Solange Amaral (DEM, ex-PFL-RJ). "O roteiro é razoável, mas esses prazos não serão estanques", disse Vanderlei Macris (PSDB-SP).
O PSOL apresentou um requerimento pedindo que o primeiro item investigado sejam as acusações da empresária Silvia Pfeiffer contra diretores da Infraero, mas ele deve ser ignorado na sessão de hoje.
A CPI decidiu que serão pedidas informações sobre investigações já em curso na PF, Ministério Público, Corregedoria da União e Tribunal de Contas da União. Deve ter ainda uma assessoria técnica, cuja importância foi defendida por Silvio Costa (PMN-PE). "A intimidade que os deputados têm com o tráfego aéreo é a mesma que eu tenho com a [atriz] Claudia Raia. Nenhuma."
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que a CPI terá totais poderes para convocar militares. Anteontem, um assessor da Aeronáutica pediu à CPI para "intermediar" convocações.


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