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CPI empurra Infraero para o final
Roteiro prevê que, antes, sejam investigados o acidente com o avião da Gol, atrasos nos vôos e empresas aéreas
Comissão deve apurar crise da Varig, possíveis falhas da Gol no atendimento
aos clientes e suspeitas de overbooking pela TAM
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI do Apagão Aéreo incluiu ontem a investigação das
companhias aéreas entre suas
prioridades, ao mesmo tempo
em que deixou para o final a
apuração das irregularidades
em obras da Infraero (estatal
que administra os aeroportos).
Esses pontos constam de um
roteiro de trabalho apresentado pelo relator da comissão,
Marco Maia (PT-RS), que inclui ainda 13 requerimentos de
convocação de testemunhas,
todos relacionados à queda do
avião da Gol no ano passado,
que deixou 154 mortos.
O choque do avião com um
jato Legacy será o primeiro
ponto a ser investigado. Pelo
roteiro de Maia, o tema deve tomar todo o mês de maio.
Hoje, devem ser aprovadas as
primeiras convocações. Entre
elas, as do delegado da Polícia
Federal Renato Sayão, que investigou o acidente, de dois líderes dos controladores de vôo
(Jorge Botelho e Wellington
Rodrigues), do presidente da
Gol, Constantino de Oliveira
Júnior, do presidente da Embraer (fabricante do Legacy),
Frederico Curado, e de três militares da Aeronáutica que lidam com segurança aérea.
Após a investigação sobre o
acidente, a CPI deve se debruçar, em junho, sobre os atrasos
nos aeroportos. Em julho, o objeto da CPI seria a "organização
e regulação do mercado". O documento apresentado pelo relator prevê que sejam abordadas a crise da Varig, possíveis
falhas da Gol no atendimento a
clientes e suspeitas de overbooking (venda de passagens em
excesso) pela TAM.
"Temos que ver se as empresas aéreas estão obtendo seus
lucros através de uma superutilização de seus aviões, e se isso
também deve ser controlado",
disse Carlos Zarattini (PT-SP).
A infra-estrutura aeroportuária -ou seja, as obras da Infraero- entraria na pauta entre
2 e 27 de agosto. O governo vê o
tema com má vontade, já que a
estatal era administrada por
um petista próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Carlos Wilson (PE).
A oposição, em minoria na
CPI, protestou, mas teve de se
submeter ao roteiro do governo. "O roteiro está muito amarrado", disse Solange Amaral
(DEM, ex-PFL-RJ). "O roteiro
é razoável, mas esses prazos
não serão estanques", disse
Vanderlei Macris (PSDB-SP).
O PSOL apresentou um requerimento pedindo que o primeiro item investigado sejam
as acusações da empresária Silvia Pfeiffer contra diretores da
Infraero, mas ele deve ser ignorado na sessão de hoje.
A CPI decidiu que serão pedidas informações sobre investigações já em curso na PF, Ministério Público, Corregedoria
da União e Tribunal de Contas
da União. Deve ter ainda uma
assessoria técnica, cuja importância foi defendida por Silvio
Costa (PMN-PE). "A intimidade que os deputados têm com o
tráfego aéreo é a mesma que eu
tenho com a [atriz] Claudia
Raia. Nenhuma."
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse
que a CPI terá totais poderes
para convocar militares. Anteontem, um assessor da Aeronáutica pediu à CPI para "intermediar" convocações.
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