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Não há provas contra mim, diz Paulinho
"O que aparece no relatório da PF é apenas uma menção a um "PA" e a um Paulinho; o que a PF fez foi supor uma ligação comigo"
Deputado federal afirma que caso só tem repercussão porque seu trabalho como parlamentar incomodaria "os poderosos do país"
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O deputado Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), presidente da
Força Sindical, afirma que a
Polícia Federal não tem provas
de sua participação no suposto
esquema de desvio de recursos
do BNDES e diz que o caso só
teve repercussão porque seu
trabalho como parlamentar está "incomodando os poderosos
do país". As afirmações foram
feitas à Folha em entrevista
concedida ontem por telefone.
"O que aparece no relatório
da PF é apenas uma menção a
um "PA" e a um Paulinho. Em
seguida, é citado entre aspas ou
parênteses possivelmente Paulo Pereira da Silva. O que a PF
fez foi supor que pudesse ter
uma ligação comigo", diz. "E isso que teve impacto na mídia."
Sem citar exatamente quem
estaria contrariado com sua
atuação política, ele diz que o
"grande empresariado está incomodado" porque as centrais
sindicais conseguiram reconhecimento no governo Lula e
porque existe a possibilidade
de se aprovar a redução da jornada de trabalho para 40 horas
semanais, além da adesão à
convenção 158 da OIT, que impede a demissão imotivada.
"Isso significa que haveria
garantia de emprego e ainda diminuição na jornada. O presidente Lula e vários ministros já
demonstraram seu apoio. Mas
quem vai pressionar os líderes?
Sou eu. Sei que isso incomoda
muito a alta sociedade."
Paulinho diz desconhecer a
declaração do coronel da Polícia Militar Wilson de Barros
Consani Júnior, investigado na
ação, que cita em depoimento à
PF no dia 2 de maio que Paulinho seria o "nosso chefe
maior". A informação foi publicada ontem no jornal "O Estado de S. Paulo". Em uma conversa telefônica grampeada,
Consani teria avisado um cunhado de Paulinho sobre a operação da PF na noite anterior à
ação. "É bom avisar nosso chefe maior", teria dito Consani.
"Talvez ele [Consani] me
considere chefe do sindicalismo ou da Força. Não sei o que
significa isso. O fato é que ele
não trabalha para mim. Consani é contratado pela empresa
de Marcos Pacheco para prestar serviços de segurança no 1º
de Maio. A Força contrata a
empresa de Pacheco", diz.
"Por que a PF não divulga a
gravação do telefonema que fiz
para Consani quando ele era
preso [dia 24 de abril] para falar sobre a segurança do palco
do 1º de Maio? Se eu soubesse
de algo, se eu tivesse sido avisado, faz sentido telefonar no
momento da prisão?"
O deputado diz que conheceu João Pedro Moura, ex-assessor da Força preso na ação,
quando ele era funcionário do
Ministério do Trabalho. "João
Pedro nos ajudou a organizar o
Centro de Solidariedade, criado em 98 para recolocar desempregados no mercado. Depois disso, foi indicado para ser
nosso representante no Conselho do BNDES [2002]", diz.
"Decidimos indicar João Pedro
e depois Ricardo Tosto porque
eles teriam mais tempo para se
dedicar às reuniões do que um
sindicalista."
Sobre a doação de João Pedro ao projeto Meu Guri, presidido por Elza Pereira, sua mulher, Paulinho diz que ele havia
doado um imóvel, que mais tarde foi devolvido a ele. "O valor
de R$ 37,5 mil são das dívidas
com impostos e taxas de condomínio. Temos recibo."
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