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PF tem mais provas com referência a "PA"
Iniciais atribuídas pela polícia a Paulinho são grafadas, em tabela apreendida com consultor, ao lado de pagamento de R$ 82 mil
Segundo a PF, integrantes da suposta quadrilha que agia no BNDES teriam recebido R$ 2 milhões após liberações de financiamentos do banco
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
As iniciais "PA" -que surgiram em interceptações telefônicas e foram entendidas pela
Polícia Federal como referência ao deputado federal Paulo
Pereira da Silva (PDT-SP), o
Paulinho- também aparecem
numa tabela apreendida no escritório do consultor Marcos
Vieira Mantovani em São Paulo. A inscrição "PA/GA" foi grafada ao lado de um pagamento
de R$ 82.162,93, segundo a PF.
A tabela, de acordo com um
"relatório circunstanciado de
análise de provas obtidas" da
Operação Santa Tereza, desencadeada há duas semanas pela
PF, contém "uma suposta divisão de liberação [de recursos],
com os seguintes escritos:
"VL Liberação", "PR 50%
164.325,86", "RT 25% 82.162,93"
e "PA/GA 25% 82.162,93'".
A sigla "PR" pode se referir à
empresa de Mantovani, denominada Progus Investimentos,
Consultoria e Assessoria Ltda.
Em telefonemas interceptados
pela PF com ordem judicial, entre os supostos beneficiários de
outra partilha de dinheiro é referido o nome de "Gaspar", que
poderia explicar a inicial "GA".
O relatório da PF também
menciona "outra folha impressa com divisão de dinheiro,
com as iniciais "rt", "PA" e "ga'",
mas não detalha esse papel. O
documento policial confirma
que foram apreendidas quatro
cópias de cheques emitidos pela "WE Original, ou seja, a casa
de prostituição" na rua Peixoto
Gomide, em São Paulo. Embora
não nominais, em cada um havia um papel grampeado, com
as inscrições "R.T.", "P.A.",
"Progus" e "Impostos". Foram
assinados pelo gerente da boate, Celso Murad.
Segundo o relatório da PF,
também foi apreendido um e-mail enviado por Mantovani
em 2004 ao advogado Ricardo
Tosto, que é contratado do consultor para defendê-lo em
ações judiciais e assumiu uma
vaga de conselheiro do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
anos após o e-mail, em agosto
de 2007. O assunto era "resumo reunião de ontem e proposta padrão BNDES". Em anexo,
diz a PF, havia arquivo intitulado "proposta padrão BNDES".
A tabela com os valores e o e-mail foram apreendidos no último dia 24, quando a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em 18 endereços em
São Paulo e Praia Grande (SP).
Na denúncia oferecida à Justiça Federal, acolhida no último dia 2, a procuradora da República Adriana Scordamaglia disse que "correspondências
antigas entre Marcos Mantovani, João Pedro [Moura] e algumas empresas (...) demonstram
que há muito tempo eles praticavam essas fraudes, com o
mesmo "modus operandi'".
De acordo com o inquérito da
PF, os integrantes da suposta
quadrilha teriam recebido R$ 2
milhões após liberações que integram três financiamentos recentes do BNDES -dois para
as Lojas Marisa e um para a
Prefeitura de Praia Grande.
Segundo a PF, Mantovani recebeu, em sua conta particular,
R$ 700 mil referentes ao pagamento da primeira parcela do
financiamento do BNDES para
as Lojas Marisa e outros R$ 800
mil para a segunda liberação do
mesmo empréstimo.
Prefeituras
Na sua denúncia, à qual a Folha teve acesso, a procuradora
pediu a abertura de investigação em nove municípios, todos
em São Paulo: São João da Boa
Vista, Caieiras, Itapira, Conchal, São Sebastião da Grama,
Nova Odessa, Praia Grande, Itu
e Guarujá. Segundo ela, a apuração deve ser tocada pelo Ministério Público "para que seja
investigada a fraude envolvendo licitações realizadas nessas
cidades, bem como desvio de
verbas do BNDES, conforme
aventado nos áudios" da Operação Santa Tereza.
A Justiça ordenou o envio ao
STF dos áudios e documentos
que citariam Paulinho, que tem
foro privilegiado. Ele também
deverá ser investigado pelo
Conselho de Ética da Câmara.
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