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Convidada, Erundina aceita ser vice de Marta
Prefeita de 1989 a 1992, deputada afirma que pode "tranqüilamente" compor chapa com petista se seu partido, o PSB, concordar
No bloquinho, há resistência dos deputados Aldo Rebelo (PC do B) e Márcio França (PSB) para formalizar a aliança com o PT paulistano
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da grande resistência
do PSB paulista em apoiar a
candidatura do PT à Prefeitura
de São Paulo, a deputada federal Luiza Erundina (PSB) afirmou à Folha que aceita "tranqüilamente" ser a vice na chapa
da ministra do Turismo, Marta
Suplicy (PT).
Prefeita entre 1989 e 1992,
Erundina diz ter recebido o
convite dos petistas, como a
Folha revelou, da própria Marta, que continua no ministério e
ainda não assumiu oficialmente sua pré-candidatura.
"Recebi o convite e comuniquei à direção do partido, a
quem cabe decidir", disse a deputada, confirmando que o
convite partiu da própria Marta. "Sim, da Marta", afirmou,
emendando: "Foi um recado
dela, que chegou a mim".
Diante do questionamento
da reportagem se ela aceita o
convite da petista, respondeu:
"Tranqüilamente".
Apesar de enfrentar uma resistência do presidente do PSB
de São Paulo, o deputado federal Márcio França, de se coligar
ao PT, Erundina declara que os
entendimentos com com Marta estão sendo feitos não só no
âmbito estadual mas também
nacionalmente.
Ela cita como condutores das
negociações, além de França, o
presidente nacional da legenda,
o governador Eduardo Campos
(PE), o vice-presidente, Roberto Amaral, e o deputado federal
Ciro Gomes (CE), todos ex-ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Erundina afirma ainda que
"evoluiu" e sepultou antigos temores em relação à reação da
população a uma chapa só de
mulheres.
"Eu evolui. Já superei essa
questão de gênero. Qual é o
problema em uma chapa com
duas mulheres? Por que não estranham ou não questionam
uma chapa com dois homens?",
argumenta a deputada.
Em 1996, ela vetou Marta Suplicy -à época deputada federal de primeiro mandato- como sua vice à Prefeitura de São
Paulo sob o argumento de que
temia o "traço cultural machista". "Não sei como a opinião pública reagiria a uma chapa com
duas mulheres'", declarou
Erundina à época. Ela acabou
perdendo a eleição para Celso
Pitta (PP).
De acordo com a última pesquisa Datafolha, publicada em
30 de março, Marta (29%) e
Erundina (7%) somam 36% das
intenções de voto, contra 28%
de Geraldo Alckmin (PSDB),
13% do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e 7% de Paulo Maluf
(PP).
Na saída de um evento no ministério, anteontem, Marta Suplicy afirmou que cabe ao PT
definir as alianças, mas disse
ter "um relacionamento muito
bom" com a deputado do PSB.
Bloquinho
Depois de perder apoios de
outros partidos para Kassab, a
articulação petista em São Paulo se vira para o chamado bloquinho (PSB, PDT e PC do B).
Mas há forte resistência para
formalizar a aliança, não só de
Márcio França mas também do
deputado federal Aldo Rebelo
(PC do B).
Os dois argumentam que
Marta informou ao bloquinho,
no início das conversas pré-eleitorais, que a sua prioridade
de aliança era com o PMDB.
Além disso, há uma expressiva
parcela do PSB de São Paulo
que rejeita indicar Erundina
como vice, caso o partido feche
com o PT.
O outro expoente do bloquinho paulista, o deputado Paulo
Pereira da Silva (PDT), sob suspeita de envolvimento em esquema de desvio de recursos do
BNDES, também é sondado pelo PT.
Os aliados de Marta decidiram ainda declarar apoio à
aliança firmada pelo prefeito
de Belo Horizonte, Fernando
Pimentel (PT), e o governador
Aécio Neves (PSDB-MG) para
eleger o socialista Márcio Lacerda, secretário estadual em
Minas Gerais. Com isso, esperam boa vontade do PSB em
São Paulo.
Colaborou FERNANDA ODILLA ,
da Sucursal de Brasília
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