São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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Convidada, Erundina aceita ser vice de Marta

Prefeita de 1989 a 1992, deputada afirma que pode "tranqüilamente" compor chapa com petista se seu partido, o PSB, concordar

No bloquinho, há resistência dos deputados Aldo Rebelo (PC do B) e Márcio França (PSB) para formalizar a aliança com o PT paulistano


RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da grande resistência do PSB paulista em apoiar a candidatura do PT à Prefeitura de São Paulo, a deputada federal Luiza Erundina (PSB) afirmou à Folha que aceita "tranqüilamente" ser a vice na chapa da ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT).
Prefeita entre 1989 e 1992, Erundina diz ter recebido o convite dos petistas, como a Folha revelou, da própria Marta, que continua no ministério e ainda não assumiu oficialmente sua pré-candidatura. "Recebi o convite e comuniquei à direção do partido, a quem cabe decidir", disse a deputada, confirmando que o convite partiu da própria Marta. "Sim, da Marta", afirmou, emendando: "Foi um recado dela, que chegou a mim".
Diante do questionamento da reportagem se ela aceita o convite da petista, respondeu: "Tranqüilamente". Apesar de enfrentar uma resistência do presidente do PSB de São Paulo, o deputado federal Márcio França, de se coligar ao PT, Erundina declara que os entendimentos com com Marta estão sendo feitos não só no âmbito estadual mas também nacionalmente.
Ela cita como condutores das negociações, além de França, o presidente nacional da legenda, o governador Eduardo Campos (PE), o vice-presidente, Roberto Amaral, e o deputado federal Ciro Gomes (CE), todos ex-ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Erundina afirma ainda que "evoluiu" e sepultou antigos temores em relação à reação da população a uma chapa só de mulheres.
"Eu evolui. Já superei essa questão de gênero. Qual é o problema em uma chapa com duas mulheres? Por que não estranham ou não questionam uma chapa com dois homens?", argumenta a deputada. Em 1996, ela vetou Marta Suplicy -à época deputada federal de primeiro mandato- como sua vice à Prefeitura de São Paulo sob o argumento de que temia o "traço cultural machista". "Não sei como a opinião pública reagiria a uma chapa com duas mulheres'", declarou Erundina à época. Ela acabou perdendo a eleição para Celso Pitta (PP).
De acordo com a última pesquisa Datafolha, publicada em 30 de março, Marta (29%) e Erundina (7%) somam 36% das intenções de voto, contra 28% de Geraldo Alckmin (PSDB), 13% do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e 7% de Paulo Maluf (PP).
Na saída de um evento no ministério, anteontem, Marta Suplicy afirmou que cabe ao PT definir as alianças, mas disse ter "um relacionamento muito bom" com a deputado do PSB.

Bloquinho
Depois de perder apoios de outros partidos para Kassab, a articulação petista em São Paulo se vira para o chamado bloquinho (PSB, PDT e PC do B). Mas há forte resistência para formalizar a aliança, não só de Márcio França mas também do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B).
Os dois argumentam que Marta informou ao bloquinho, no início das conversas pré-eleitorais, que a sua prioridade de aliança era com o PMDB. Além disso, há uma expressiva parcela do PSB de São Paulo que rejeita indicar Erundina como vice, caso o partido feche com o PT.
O outro expoente do bloquinho paulista, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), sob suspeita de envolvimento em esquema de desvio de recursos do BNDES, também é sondado pelo PT. Os aliados de Marta decidiram ainda declarar apoio à aliança firmada pelo prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), e o governador Aécio Neves (PSDB-MG) para eleger o socialista Márcio Lacerda, secretário estadual em Minas Gerais. Com isso, esperam boa vontade do PSB em São Paulo.


Colaborou FERNANDA ODILLA , da Sucursal de Brasília


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