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Não existe mandante preso por morte no campo no Pará
Desde 1971, diz CPT, houve 819 assassinatos e 6 condenados por ordenar crime
Entre eles um está foragido,
um morreu, um teve perdão
judicial, dois esperam novo
julgamento em liberdade e
um é Bida, do caso Dorothy
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Com a absolvição e a soltura
de Vitalmiro Bastos de Moura,
o Bida, acusado de planejar a
morte da missionária Dorothy
Stang em Anapu, não há no Pará nenhuma pessoa apontada
como mandante de crime relacionado a conflito agrário que
esteja atrás das grades.
É o que mostra levantamento
feito pela CPT (Comissão Pastoral da Terra). De 1971 a 2007,
de acordo com a entidade, houve 819 mortes em razão de disputas por terra no Estado.
Apenas 92 casos resultaram
em processos. Houve 22 julgamentos pelo Tribunal do Júri
-nesses, seis mandantes foram
condenados. No entanto, não
há nenhum deles preso.
De acordo com a CPT, dos
seis condenados, um está foragido, um morreu por causas naturais, um foi perdoado pela
Justiça e dois aguardam novo
julgamento em liberdade. O
sexto é Bida, que foi absolvido
nesta semana. No primeiro julgamento, ele havia sido condenado a 30 anos de prisão.
Dois dos condenados ficaram
conhecidos em 1996, após o
massacre de Eldorado do Carajás, quando 19 sem-terra foram
mortos às margens da rodovia
PA-150. O coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Oliveira aguardam em liberdade, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), até
que sejam esgotadas todas as
opções de recursos.
Outros dois mandantes condenados, Vantuir Gonçalves de
Paula e Adilson Carvalho Laranjeira, envolvidos na morte
do sindicalista João Canuto de
Oliveira, de Rio Maria (PA), em
1985, escaparam da punição.
Laranjeira, após fugir, morreu
em março de 2007 de causa natural. Vantuir segue foragido.
Jerônimo Alves de Amorim,
condenado como mandante da
morte de outro sindicalista de
Rio Maria, Expedito Ribeiro de
Souza, em 1991, acabou perdoado pela Justiça de Goiás após
cumprir prisão domiciliar por
problemas de saúde.
Regivaldo Pereira Galvão, o
Taradão, também apontado como mandante do assassinato
de Dorothy Stang, aguarda julgamento em liberdade.
Para a advogada Tamara Melo, da ONG Justiça Global, se o
caso Dorothy, que ganhou repercussão internacional, não
teve o mandante considerado
culpado mesmo com provas
contra ele, fica difícil imaginar
que outros tenham resultado
diferente. "Fica evidente o problema do Estado do Pará, que é
a impunidade absoluta."
No Estado, há casos emblemáticos que nem sequer foram
julgados. Dois deles ocorreram
em 1985: a chacina de Conceição do Araguaia, onde 12 trabalhadores rurais foram mortos, e
a chacina de Xinguara, onde 17
pessoas foram assassinadas.
Procurada, a assessoria do
Tribunal de Justiça do Pará disse que ninguém no órgão poderia comentar os dados da CPT.
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