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ANÁLISE
Ministro está contrariado
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pano de fundo do desagravo
de João Paulo Cunha (PT-SP) a
José Dirceu é a contrariedade do
ministro da Casa Civil com a perda de espaço para Antonio Palo-
cci Filho (Fazenda) registrada pela imprensa no final de semana.
Oferecendo "solidariedade" a
Dirceu, o presidente da Câmara
disse que ele foi atacado de forma
"injusta". Mas o tiro saiu pela culatra: expôs o ressentimento de
Dirceu e deu ar de crise a uma disputa de bastidor que está longe de
terminar e que, no momento, é
mais favorável a Palocci. No fim
de semana, Dirceu ficou chateado
com reportagens mostrando que
o crescimento do PIB reduzia seu
poder e dava fôlego a Palocci.
Somos imbatíveis para criar
problemas a nós mesmos, disse
ontem um auxiliar de Lula, ao comentar o discurso de João Paulo.
À tarde o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva teve despacho a sós
com Dirceu, o que atrasou a reunião da coordenação de governo,
o chamado núcleo duro. Na reunião, Lula se limitou a pedir que
seus principais ministros evitem
expor desavenças publicamente.
Em conversas reservadas, Dirceu diz que setores da mídia, do
Ministério Público e do governo
querem derrubá-lo e levá-lo de
volta à Câmara para presidi-la a
partir de 2005. De público, o ministro afirma que a repercussão
do caso Waldomiro Diniz foi amplificada por conta desse complô.
O próprio Lula acha que o chefe
da Casa Civil pode ser boa solução
para a presidência da Câmara,
mas não quer obrigá-lo. Sabe que
um Dirceu contrariado em tal
função é mais perigoso para sua
gestão do que a permanência dele
como subordinado no governo.
Há ainda um ingrediente específico: João Paulo sonha com a
ressurreição da emenda que permite sua reeleição na Câmara. A
possibilidade de Dirceu presidir a
Casa dificulta essa operação.
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