São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2004

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ANÁLISE

Ministro está contrariado

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pano de fundo do desagravo de João Paulo Cunha (PT-SP) a José Dirceu é a contrariedade do ministro da Casa Civil com a perda de espaço para Antonio Palo- cci Filho (Fazenda) registrada pela imprensa no final de semana.
Oferecendo "solidariedade" a Dirceu, o presidente da Câmara disse que ele foi atacado de forma "injusta". Mas o tiro saiu pela culatra: expôs o ressentimento de Dirceu e deu ar de crise a uma disputa de bastidor que está longe de terminar e que, no momento, é mais favorável a Palocci. No fim de semana, Dirceu ficou chateado com reportagens mostrando que o crescimento do PIB reduzia seu poder e dava fôlego a Palocci.
Somos imbatíveis para criar problemas a nós mesmos, disse ontem um auxiliar de Lula, ao comentar o discurso de João Paulo.
À tarde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve despacho a sós com Dirceu, o que atrasou a reunião da coordenação de governo, o chamado núcleo duro. Na reunião, Lula se limitou a pedir que seus principais ministros evitem expor desavenças publicamente.
Em conversas reservadas, Dirceu diz que setores da mídia, do Ministério Público e do governo querem derrubá-lo e levá-lo de volta à Câmara para presidi-la a partir de 2005. De público, o ministro afirma que a repercussão do caso Waldomiro Diniz foi amplificada por conta desse complô.
O próprio Lula acha que o chefe da Casa Civil pode ser boa solução para a presidência da Câmara, mas não quer obrigá-lo. Sabe que um Dirceu contrariado em tal função é mais perigoso para sua gestão do que a permanência dele como subordinado no governo.
Há ainda um ingrediente específico: João Paulo sonha com a ressurreição da emenda que permite sua reeleição na Câmara. A possibilidade de Dirceu presidir a Casa dificulta essa operação.


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