São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2004

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PIRATARIA

Relatório final diz que cabe à Corregedoria da Câmara tomar providências; corregedor diz ser "impossível" continuar apuração

CPI cita Corrêa, mas se esquiva de investigação

CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O relatório final da CPI da Pirataria, divulgado ontem pelo deputado federal Josias Quintal (PMDB-RJ), usa cinco linhas para citar o suposto envolvimento do deputado Pedro Corrêa (PE), presidente nacional do PP, em irregularidades. O relatório tem 244 páginas e será votado hoje.
O relator, porém, denuncia a filha do deputado, Aline Lemos Corrêa de Oliveira Andrade, e seu marido, José Antônio Neuwald, por crime contra a ordem tributária. Neuwald e Aline figuram, conforme a CPI, como sócios de empresa de cigarros.
Sobre Corrêa, o relatório diz: "na quebra do sigilo telefônico de Ari Natalino da Silva [acusado de sonegação fiscal e adulteração de combustível] foi mencionado três vezes o nome do deputado federal Pedro Corrêa. Como a CPI não teve tempo de aprofundar quais seriam, realmente, as eventuais ligações entre Ari Natalino e o deputado Pedro Corrêa, enviará a cópia do relatório final à Corregedoria da Casa para que tome as providências que entenda cabíveis".
A Folha noticiou as ligações feitas para o deputado. Em uma conversa entre Natalino e seu filho, Erick da Silva, o empresário sugere que ele ofereça R$ 200 mil por mês a Corrêa. Silva diz que a proposta foi aceita. A assessoria de Corrêa afirmou que ele não estava em seu gabinete e que não sabia se iria divulgar nota oficial. Anteontem, em nota à imprensa, ele negou envolvimento no caso.

"Impossível"
O corregedor da Câmara, Luiz Piauhylino (PTB-PE), afirmou, em ofício ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), que é "impossível" continuar o processo aberto para investigar as relações entre Corrêa e Natalino.
"São questões que requerem investigação mais aprofundada, e não é papel da CPI."
Sobre o genro de Corrêa, Quintal diz que suas declarações de 1998 e 1999 foram retificadas em agosto de 2003, "coincidentemente quando a CPI começou a investigá-lo". No caso de Aline, o relatório afirma que também ela apresentou declaração retificadora de 2001 em setembro de 2003.
Aline disse à Folha, na semana passada, que considerava "injustas as acusações da CPI".
O relatório dedica seis páginas a Law Kin Chong, preso, acusado de tentar subornar Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), presidente da CPI. É indiciado por efetivação de operações de câmbio não autorizadas, prática de crimes contra a ordem tributária, contrabando ou descaminho, receptação e formação de quadrilha. A Folha não encontrou o advogado de Chong.


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