São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

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PF assume caso MLST e mantém 41 presos

Mais de 400 militantes do movimento devem ser liberados pela Justiça, enquanto aguardam conclusão das investigações

Grupo que polícia pretende manter na prisão inclui o líder Bruno Maranhão, afastado da Executiva do PT após invasão do Congresso


ANDRÉA MICHAEL
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal assumiu ontem a investigação sobre a invasão e depredação da Câmara dos Deputados comandada por militantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) na tarde da última terça-feira. A PF informou à Justiça que tem elementos para manter a prisão em flagrante de apenas 41 dos cerca de 500 militantes que foram presos pela Polícia Legislativa após o ato.
Para a PF, os 41 militantes do MLST cometeram crimes como lesão corporal grave, dano contra o patrimônio público, formação de quadrilha e corrupção de menores. Somadas, as penas podem chegar a 15 anos de prisão. Até o fechamento deste edição, a Justiça não havia decidido sobre eventual liberação de manifestantes.
Bruno Maranhão, principal líder do MLST, está entre as pessoas que a PF pretende manter na prisão. Ontem, ele e os outros 40 foram ouvidos na Superintendência da PF no Distrito Federal. Ao sair, Maranhão disse que há militantes em "solitária" na penitenciária e que, no momento em que a Câmara foi invadida, ele estava no gabinete do deputado Nelson Pellegrino (PT-BA).

Adolescentes
Vinte e nove adolescentes detidos desde terça-feira com integrantes do MLST durante a invasão permaneciam ontem no Centro Abrigamento Reencontro (Cear) da Secretaria de Estado de Ação Social do Distrito Federal em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. A Justiça concluiu que eles não tiveram culpa no episódio. Desta forma, poderão voltar aos seus Estados de origem.
Na terça-feira, durante a invasão, foram detidas pela Polícia Judiciária da Câmara 42 crianças e adolescentes -32 têm entre 12 e 17 anos e os outros dez têm menos de 11 anos. As dez crianças foram liberadas no mesmo dia para responsáveis. Os 32 adolescentes foram levados à Delegacia da Criança e do Adolescente. Segundo a delegacia, cinco foram entregues a responsáveis. Os outros 27, levados a um abrigo. A presença de crianças e adolescentes na invasão caracteriza, segundo a PF, crime de corrupção de menores. Ontem, a Secretaria de Estado de Ação Social do DF afirmou que todos os adolescentes estão bem de saúde.

Segurança ferido
O coordenador do Departamento de Logística da Polícia Legislativa da Câmara, Normando Fernandes, 35, deixou ontem a UTI do hospital Santa Lúcia, em Brasília, onde estava internado desde a última terça com traumatismo craniano.
Fernandes foi a vítima mais séria da invasão da Câmara, que deixou 41 feridos. O policial levou uma pedrada na cabeça.
Ele foi transferido a um quarto do hospital na manhã de ontem e deve passar pelo menos outra noite no hospital. Porém, ainda não há previsão de alta.
Fernandes está na Câmara há dez anos, mora em Guará, cidade-satélite de Brasília, tem uma filha de três anos e sua mulher está grávida. Na Câmara, cuida do credenciamento de pessoas e de veículos.


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