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Planilha gera suspeitas de doação ilegal a petistas
Segundo documento e depoimentos, cooperativa teria estimulado caixa 2
Criada por membros da CUT, muitos dos quais militantes do PT, a Bancoop está sendo investigada pela polícia e pela Promotoria desde 2007
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo obteve a planilha de uma
prestadora de serviços com as
anotações "Doação PT" e tomou depoimentos que reforçam as suspeitas sobre um suposto caixa dois estimulado pela Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) e que
teria alimentado campanhas
eleitorais do PT, incluindo a do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em 2002.
A Bancoop foi criada em 1996
por bancários integrantes da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), muitos dos quais militantes do PT, para estimular a
construção de casas e apartamentos. Segundo a entidade,
que tem 14,6 mil cooperados,
foram entregues 39 empreendimentos com 4.168 imóveis.
No ano passado, a cooperativa passou a ser alvo de investigação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo.
Em março passado, o engenheiro civil Ricardo do Carmo,
ex-responsável técnico por 30
empreendimentos da Bancoop,
disse ao promotor José Carlos
Blat que, em 2002, o então presidente da entidade, Luís
Eduardo Saeger Malheiro,
morto num acidente de carro
em Pernambuco em 2004 com
outros dois diretores da entidade, "convocou uma reunião
com todos os funcionários da
Bancoop, empreiteiros e fornecedores para anunciar o apoio
da Bancoop ao candidato Lula".
Após a reunião, segundo Carmo, Malheiro lhe pediu que coletasse doações eleitorais de todos os empreiteiros e fornecedores da Bancoop. Carmo disse
que vários empreiteiros passaram a colaborar, e os valores foram depositados na conta do irmão de Malheiro, Hélio.
A contabilidade da empresa
Mizu Gerenciamentos, fundada por diretores da Bancoop,
incluía uma planilha com as citações "Doação PT", num total
de R$ 43 mil. O documento integra o inquérito. Segundo o
Ministério Público, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não
registra nenhuma doação da
Mizu nas campanhas eleitorais
de 2002, 2004 e 2006.
Os achados da investigação
foram confirmados no fim de
maio por Hélio Malheiro. No
depoimento, revelado pelo
"Jornal da Band" na última sexta, ele disse que seu irmão lhe
"confidenciou que, na condição
de presidente da Bancoop, tinha que ceder às pressões políticas e muitas vezes se via obrigado a entregar valores de
grande monta para as campanhas eleitorais do Partido dos
Trabalhadores (PT), desviando
os recursos que eram destinados às construções das unidades habitacionais da Bancoop,
o que acabou gerando enormes
prejuízos financeiros".
Hélio disse "presumir" que
recursos da Bancoop ajudaram
campanha do deputado federal
Ricardo Berzoini (PT-SP), hoje
presidente nacional do PT.
O Ministério Público também quer investigar a morte de
Luís Malheiro.
Berzoini, que dirigiu a Bancoop entre 2002 e 2003, disse
que as investigações "são politizadas", com "vazamentos às
vésperas de campanhas eleitorais". "As informações são absolutamente mentirosas. É o
contrário, houve sempre a
preocupação de não se misturar atividades políticas com atividades da cooperativa. Não fazíamos referências a partidos",
disse Berzoini.
NA INTERNET
www.folha.com.br/081602
Leia a íntegra do depoimento
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