São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2008

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Para oposição, demissões pioram crise no RS

Após o afastamento de três secretários, a governadora Yeda Crusius (PSDB) reúne aliados e tenta recompor administração

O critério adotado pela governadora nas trocas do seu secretariado será o de fortalecimento de sua base de apoio na Assembléia


GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A queda de três secretários do governo do Rio Grande do Sul em meio à turbulência política que atravessa a gestão de Yeda Crusius (PSDB) foi avaliada pela oposição à tucana como uma "reação tímida" à crise.
Para o presidente da CPI do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) na Assembléia Legislativa, Fabiano Pereira (PT), a queda de homens importantes do governo de Yeda só agrava a crise. "Nós sabíamos que havia uma fraude e que parte do dinheiro foi para enriquecimento ilícito. O que não sabíamos é que também houve financiamento partidário, o que é gravíssimo", afirma.
A CPI investiga o desvio de R$ 44 milhões no Detran.
Na pior crise de seu governo, Yeda vê auxiliares mais próximos envolvidos por gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal e até pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM), seu inimigo político declarado.
Anteontem, a tucana anunciou a demissão do seu chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, do secretário de Governo, Delson Martini, e do chefe do escritório de representação do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante. Busatto caiu após Feijó ter divulgado conversa em que o então titular da Casa Civil reconhecia o uso de estatais do governo gaúcho para financiamento de campanhas eleitorais. Martini, que deve ser convocado pela CPI, é citado por acusados de participar da fraude no Detran em conversas grampeadas pela PF.
Busatto disse ontem não se arrepender da conversa que manteve com Feijó. "Não me arrependo porque fui até lá [conversar com Feijó] de peito aberto, para tentar uma aproximação dele com a governadora", disse Busatto.
Cavalcante recebeu, no ano passado, carta do empresário tucano Lair Ferst que descrevia detalhes do esquema de desvio no Detran. Apesar de a carta ser considerada pela PF e pela Procuradoria uma espécie de confissão da fraude, Cavalcante não teria informado Yeda a respeito "por falta de provas", disse a governadora anteontem.

Recomposição
Após a saída dos secretários, Yeda vai se reunir hoje com aliados para tentar recompor politicamente o governo. Durante a manhã, ela tem encontro com seu conselho político, composto por líderes do PSDB, PMDB, PP, PPS e PTB.
O porta-voz do governo, Paulo Fona, disse que o critério adotado por Yeda nas trocas será o do fortalecimento de sua base de apoio na Assembléia.
Os partidos de oposição à tucana na Assembléia (PT, DEM, PC do B, PDT) têm 21 deputados. A base tem 34 deputados.
Há pressão dos aliados para que as substituições ocorram no âmbito de uma reforma mais ampla no primeiro escalão do governo. Durante o final de semana, surgiram rumores da indicação do secretário da Fazenda, Aod Cunha, para a Casa Civil. A opção não agradaria à governadora porque Cunha é o responsável pela gestão do ajuste fiscal, uma das áreas mais críticas do governo.
Aliados da tucana avaliaram as mudanças no secretariado de maneira positiva. "Ela pôs a bola de volta no meio de campo e estancou momentaneamente a crise", avaliou o presidente estadual do PP, deputado Jerônimo Goergen.


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