|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para oposição, demissões pioram crise no RS
Após o afastamento de três secretários, a governadora Yeda Crusius (PSDB) reúne aliados e tenta recompor administração
O critério adotado pela governadora nas trocas do seu secretariado será o de fortalecimento de sua base de apoio na Assembléia
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A queda de três secretários
do governo do Rio Grande do
Sul em meio à turbulência política que atravessa a gestão de
Yeda Crusius (PSDB) foi avaliada pela oposição à tucana como
uma "reação tímida" à crise.
Para o presidente da CPI do
Detran (Departamento Estadual de Trânsito) na Assembléia Legislativa, Fabiano Pereira (PT), a queda de homens
importantes do governo de Yeda só agrava a crise. "Nós sabíamos que havia uma fraude e
que parte do dinheiro foi para
enriquecimento ilícito. O que
não sabíamos é que também
houve financiamento partidário, o que é gravíssimo", afirma.
A CPI investiga o desvio de
R$ 44 milhões no Detran.
Na pior crise de seu governo,
Yeda vê auxiliares mais próximos envolvidos por gravações
telefônicas feitas pela Polícia
Federal e até pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM), seu
inimigo político declarado.
Anteontem, a tucana anunciou a demissão do seu chefe da
Casa Civil, Cézar Busatto, do
secretário de Governo, Delson
Martini, e do chefe do escritório de representação do Estado
em Brasília, Marcelo Cavalcante. Busatto caiu após Feijó ter
divulgado conversa em que o
então titular da Casa Civil reconhecia o uso de estatais do governo gaúcho para financiamento de campanhas eleitorais. Martini, que deve ser convocado pela CPI, é citado por
acusados de participar da fraude no Detran em conversas
grampeadas pela PF.
Busatto disse ontem não se
arrepender da conversa que
manteve com Feijó. "Não me
arrependo porque fui até lá
[conversar com Feijó] de peito
aberto, para tentar uma aproximação dele com a governadora", disse Busatto.
Cavalcante recebeu, no ano
passado, carta do empresário
tucano Lair Ferst que descrevia
detalhes do esquema de desvio
no Detran. Apesar de a carta ser
considerada pela PF e pela Procuradoria uma espécie de confissão da fraude, Cavalcante
não teria informado Yeda a respeito "por falta de provas", disse a governadora anteontem.
Recomposição
Após a saída dos secretários,
Yeda vai se reunir hoje com
aliados para tentar recompor
politicamente o governo. Durante a manhã, ela tem encontro com seu conselho político,
composto por líderes do PSDB,
PMDB, PP, PPS e PTB.
O porta-voz do governo, Paulo Fona, disse que o critério
adotado por Yeda nas trocas será o do fortalecimento de sua
base de apoio na Assembléia.
Os partidos de oposição à tucana na Assembléia (PT, DEM,
PC do B, PDT) têm 21 deputados. A base tem 34 deputados.
Há pressão dos aliados para
que as substituições ocorram
no âmbito de uma reforma
mais ampla no primeiro escalão do governo. Durante o final
de semana, surgiram rumores
da indicação do secretário da
Fazenda, Aod Cunha, para a
Casa Civil. A opção não agradaria à governadora porque Cunha é o responsável pela gestão
do ajuste fiscal, uma das áreas
mais críticas do governo.
Aliados da tucana avaliaram
as mudanças no secretariado
de maneira positiva. "Ela pôs a
bola de volta no meio de campo
e estancou momentaneamente
a crise", avaliou o presidente
estadual do PP, deputado Jerônimo Goergen.
Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: Brics e a crise do Ocidente Próximo Texto: Senador do DEM quer expulsar vice de governadora por gravação Índice
|