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Estatal omite dados antigos na internet
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Usado frequentemente
pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli,
como resposta às críticas
sobre falta de transparência nos gastos, o site da
empresa na internet omite
dados de contratos anteriores a junho de 2008, dedica apenas uma linha à
descrição do objeto da
contratação e deixa de informar a execução do contrato -quanto recebeu a
empresa em certa data.
Se a prática for mantida
pela empresa, em julho todos os dados de junho de
2008 desaparecerão das
opções de pesquisa. E assim sucessivamente: de 12
meses para trás, os dados
desaparecem.
Há uma brecha para recuperar as páginas que foram retiradas do ar entre
agosto de 2007 e maio de
2008, mas isso não é explicitado no site. De agosto
de 2007 para trás, não há
forma de conferir os números no site.
A Folha teve que ir copiando e acumulando os
números do período
2005-2007 para formar
uma base de dados com 28
mil contratos referentes a
quatro anos e meio.
Há falha grave na descrição do objeto do contrato. Tudo se resume a
uma linha, e mesmo assim
quase sempre incompleta,
com palavras cortadas.
Um contrato de R$ 27
milhões com um escritório de advocacia, por
exemplo, é assim descrito:
"Serviços técnicos jurídicos para levantamento e
recuperação". Nomes de
alguns fornecedores também aparecem cortados.
Os números de 2008-2009 estão praticamente
escondidos na página da
Petrobras. Podem ser
achados a partir de um botão chamado "Informações Para o Governo" -e
não para o "Público", o
que induz o internauta a
erro. O endereço é
www2.petrobras.com.br/
materiaishtm/contratos
_servicos/portal_1000_
s.htm
Premiado no Brasil e no
exterior, o Portal da
Transparência, mantido
pela CGU (Controladoria
Geral da União), ligado à
Presidência da República,
demonstra o quanto a Petrobras está aquém de melhores exemplos de transparência de gastos. O portal acumula dados sobre
R$ 5 trilhões em dinheiro
público. Ressalve-se que o
portal trata de recursos da
administração direta, enquanto a Petrobras é uma
empresa estatal.
O portal identifica, de
forma simples e rápida, o
quanto cada órgão da
União gasta em cada programa orçamentário desde o ano 2004, e com qual
empresa contratada, além
de apontar transferências
e convênios. Identifica o
servidor que é portador de
um cartão corporativo e
quanto ele gastou. Revela
os pagamentos em diárias
e indenizações, incluindo
ministros de Estado.
O portal (www.portaltransparencia.gov.br) permite conferir o andamento da execução do Orçamento -o desempenho e
as prioridades efetivas da
máquina pública. No site
da Petrobras, vê-se que o
contrato foi assinado, mas
não como ele é tocado.
Procurada no final da
tarde de ontem, a Petrobras não respondeu até o
fechamento desta edição.
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