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JUSTIÇA
Ex-primeira-dama se defende de acusação de fraude, corrupção passiva e peculato
Rosane Collor depõe hoje em Brasília
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
A ex-primeira-dama Rosane Collor depõe hoje na 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília em processo criminal aberto por denúncia
da Procuradoria da República no
Distrito Federal.
Ela é acusada de fraude, corrupção passiva e peculato à frente da
LBA (Legião Brasileira de Assistência).
Segundo a denúncia do procurador da República Luís Wanderley
Gazoto, Rosane teria recebido cerca de R$ 600 mil de empresas beneficiadas com alteração ilegal de
uma licitação para a compra de 1,6
milhão de kg de leite em pó.
Na denúncia consta que o aditamento, autorizado por Rosane,
elevou o preço do produto em
41%, enquanto a legislação teria limitado o reajuste em 25%.
De acordo com Gazoto, "foram
encontrados em sua conta corrente (de Rosane) altos valores depositados por pessoas ligadas ao notório esquema de corrupção do
governo federal comandado por
Paulo César Farias (ex-tesoureiro
eleitoral de Collor, morto em 96)".
Rosane irá depor na 12ª Vara
Criminal como ré primária (nunca
condenada).
Outro lado
"Querem agora crucificar Rosane de qualquer forma, já que nada
conseguiram com o marido", afirmou o advogado da ex-primeira-dama, Amauri Serralvo.
Em 94, o STF (Supremo Tribunal
Federal) absolveu Collor da acusação de corrupção passiva no processo que resultou na condenação
de Paulo César Farias e seus sócios
por falsidade ideológica (abertura
de contas bancárias fantasmas).
"Essa licitação já foi arquivada
na LBA, foi aprovada pelo TCU
(Tribunal de Contas da União) e é
difícil dizer o que a Procuradoria
da República pretende desenterrando esse caso", disse ele.
Como vantagem para Rosane,
Serralvo aponta que nunca até hoje a Polícia Federal e a Procuradoria conseguiram convencer a Justiça. "Às vezes, a procuradoria não
consegue convencer a si mesma da
denúncia", diz o advogado.
Em fevereiro, o procurador Antonio Carlos Bigonha pediu o arquivamento da denúncia contra
Rosane por jantar oferecido a sua
ex-chefe de gabinete na LBA.
"Inquérito-mãe"
A batalha judicial da família Collor não deve acabar tão cedo. Até
o final do ano, deve ser concluída a
análise do inquérito 113/92, o chamado "inquérito-mãe" do esquema PC, concluído há um ano.
Ao final das 267 mil páginas, o
delegado Paulo Lacerda afirma
que o ex-presidente era o "sustentáculo velado" do esquema PC.
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