São Paulo, terça, 9 de junho de 1998

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VIAGEM AOS EUA
Tucano anuncia criação da Secretaria Nacional Antidrogas, que atuará na recuperação de drogados
FHC promete maior prevenção ao tráfico

ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, na 20ª Sessão Especial da Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que o Brasil deverá "dobrar seus esforços" na prevenção ao tráfico de drogas.
"Limitar a ação do Estado a um aumento de repressão provou-se insuficiente. Ficou claro que as ações de prevenção, a recuperação dos dependentes e a luta contra os delitos conexos eram também fundamentais", disse.
Foi publicada ontem no jornal "The New York Times" carta dirigida ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e assinada por 386 representantes de diversas entidades afirmando que o "foco na criminalização e punição restringe a habilidade das nações de criarem soluções efetivas para os problemas locais de drogas".
Entre os que assinaram a carta estavam o pesquisador-sênior da Stanford University Milton Friedman, o economista Thomas Moore e o pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não vi a carta, portanto, não posso comentar. A posição do Brasil, eu expressei na ONU. Agora, eu não sabia que o Lula tinha interesse por esse assunto", disse o presidente após a reunião.
FHC anunciou na ONU a criação da Secretaria Nacional Antidrogas como "mensagem clara aos que lucram com a ignomínia desse comércio: a de que não encontrarão no Brasil qualquer tolerância com suas atividades".
Depois, disse que ainda não tem um nome para a secretaria. "Não tenho um nome porque ela ainda não tem forma definida. Mas é um passo importante para o Brasil poder agir nesse contexto globalizado do crime, da droga", afirmou.
Segundo o general Alberto Cardoso, chefe do gabinete militar da Presidência, a secretaria deve ser criada por medida provisória em dez dias e atuar na prevenção, repressão ao tráfico e recuperação de drogados. Ela deverá reunir os 14 órgãos federais que atuam na área e centralizar os recursos da Polícia Federal e dos Ministérios da Justiça, Educação e Saúde.
O presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, elogiou ontem, em seu discurso, os esforços de Brasil, Venezuela e México em campanhas de combate às drogas entre os jovens.
A sessão especial sobre drogas da ONU deverá ser encerrada amanhã com uma proposta de os países participantes reduzirem a oferta e a demanda de drogas até 2008.
Para isso, deverão, até 2003, fortalecer leis e programas referentes a: redução da demanda, eliminação de plantações e formas alternativas de desenvolvimento, lavagem de dinheiro, precursores químicos, redução de consumo de anfetaminas e reforço na cooperação judicial com os outros países.
O presidente teve encontros privados ontem na ONU com o presidente da França, Jacques Chirac, do Peru, Alberto Fujimori, e do Equador, Fabian Alarcón.
FHC afirmou que, no encontro com Chirac, discutiu a cúpula agendada para o ano que vem entre Europa e América Latina, no Rio. "Chirac também demonstrou alegria pelo fato de que a França voltou a ter investimentos importantes no Brasil. Hoje, é um dos nossos principais investidores", disse. Com Fujimori e Alarcón, FHC voltou a conversar sobre um entendimento com relação aos limites e fronteiras dos dois países.



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