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ELEIÇÕES/RJ
Candidato do PTB à Prefeitura do Rio se compara ao atacante Romário, do Vasco, "que faz gol e ganha jogo"
Após derrota, Cesar Maia arquiva imagem de "maluco"
LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA SUCURSAL DO RIO
O "maluco" acalmou. Após
amargar sua primeira derrota
eleitoral na campanha para governador, em 98, Cesar Maia
(PTB) resolveu adotar uma imagem que ele próprio define como
"clean" para tentar chegar pela segunda vez à Prefeitura do Rio.
"O maluco era uma figura simpática, realizadora, ousada", afirma Maia, admitindo ter "quase"
perdido o controle do personagem. Ele ganhou esse selo por atos
como varrer o Sambódromo no
Carnaval de 1993, pedir sorvete
em um açougue, ou usar sempre
um casaco azul -mesmo suando
em bicas.
Há dois anos, o personagem, involuntário, era outro: o do arrogante. "Foi o efeito de uma eleição
que não deu certo", minimiza ele,
que agora conta com o apoio do
presidenciável Ciro Gomes (PPS)
-"minha referência nacional".
Com 32% de intenção de votos
na última pesquisa Datafolha
(realizada dia 29), Maia largou na
frente da corrida pela prefeitura e
quer vender a imagem de realizador, "aquele que faz". Para se diferenciar dos concorrentes, que "tocam a bola para o lado, são cheios
de firulas e não gostam de dividida", Maia se compara a Romário
- "que faz gol e ganha jogo". Mas
um Romário que gosta de treinar
antes do jogo. Está em campanha
desde o final de agosto de 99.
Gosta de dizer que ninguém faz
tanta "rua" quanto ele e que isso
será um diferencial. "Estou em
campanha permanente", afirma,
dizendo-se um "trotkista na comunicação" -alusão ao conceito
de revolução permanente.
O dia padrão de Maia principia
às 5h30, quando ele acorda e lê os
jornais; às 8h, ele começa a agenda de rua; passa a tarde no escritório, tendo encontros políticos e
respondendo aos quase 150 e-mails que recebe por dia; à noite,
ele faz reuniões domiciliares. Para
aguentar o ritmo, dorme cinco
horas e meia e toma "umas vitaminas" que a mulher dá.
Até agora ele concentrou seus
esforços na periferia, onde, segundo suas pesquisas, sua popularidade é menor. Com a oficialização da campanha pela Justiça
Eleitoral, a estratégia muda. Maia
dividiu a cidade em zonas e tentará dar atenção a todas de acordo
com o peso eleitoral para vencer.
Com a derrota de 98, o ex-prefeito viveu momentos de depressão, tratados com doses cavalares
de "Tannhäuser", de Wagner, e
com uma temporada de ópera em
Nova York. Maia reconhece que
ópera é o seu Prozac. "Ela me dá
muita energia, muita euforia."
Talvez por causa do vento a favor, não seja ópera e sim Agnaldo
Timóteo que ele prefira escutar no
carro, na última quarta-feira, ao
deixar a favela Fernão Cardim,
em Del Castilho (zona norte).
Aos 55 anos, Maia diz ter aprendido com a derrota e fez uma autocrítica. "Desde os bancos de escola, de representante de turma a
orador, eu fui ganhando tudo e
não me preparei para perder."
Em sua nova tática, "clean", optou por se manter longe da mídia,
evitar críticas diretas e o tom
agressivo que o caracterizou nas
últimas eleições. Maia conta que
os assessores se esforçaram para
que ele "suavizasse" a própria
imagem. Nessa nova fase, condena os factóides -expressão para
definir "fatos carregados de imagem", mas que, admite, ganhou
um cunho pejorativo. "Em 1992
(quando se candidatou a prefeito), isso era importante. Agora
não", afirma. Será?
Na quarta à noite, em uma palestra, ele prometeu criar um
"corredor climatizado" em Bangu
e transformar o bairro -o mais
quente e um dos mais pobres do
Rio- na "Amsterdã carioca".
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