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GOVERNO
Intervenção no ES provocou saída; secretário Paulo de Tarso Ribeiro deve assumir
Reale Jr. se demite da Justiça; FHC anuncia novo ministro
Jorge Araújo/Folha Imagem
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Miguel Reale Júnior, que se demitiu do Ministério da Justiça |
SILVANA DE FREITAS
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso aceitou ontem o pedido de demissão do ministro da
Justiça, Miguel Reale Júnior, e
anunciou como seu substituto o
atual secretário de Direito Econômico do ministério, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro. O ex-ministro
entrega oficialmente o cargo hoje,
ao chegar a Brasília.
Reale Júnior, sétimo titular da
nos dois mandatos de FHC, pediu
demissão após ter sido desautorizado pelo presidente a levar
adiante a proposta de intervenção
federal no Espírito Santo, aprovada na semana passada pelo Conselho de Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana.
O ex-ministro conversou com o
presidente por telefone ontem à
noite. FHC afirmou que não havia
motivo para a decisão, porque a
confiança do ministro não teria
sido quebrada. Como Reale Júnior insistiu em entregar o cargo,
o presidente aceitou a demissão.
FHC conversou ontem com o
procurador-geral da República,
Geraldo Brindeiro. Segundo Brindeiro, o presidente teria dito que a
intervenção era inviável politicamente e o teria convencido a desistir de apresentar o pedido ao
STF (Supremo Tribunal Federal).
Após a audiência, Brindeiro foi
autorizado por FHC a convocar
uma entrevista para anunciar a
sua desistência e dizer que o governo adotará uma alternativa:
promover uma força-tarefa com o
apoio da PF, semelhante à que foi
criada para atuar no Rio.
Na última quinta-feira, Reale
Júnior encaminhou a Brindeiro
um relatório aprovado pelo
CDDPH sobre a intervenção no
Espírito Santo, segundo o qual
autoridades do Executivo e Legislativo estariam envolvidas com o
crime organizado e grupos de extermínio ou seriam omissas.
Na quinta-feira, Brindeiro afirmou que a sua tendência seria encaminhar o pedido ao STF para
aprovação do decreto de intervenção. Ontem, ele disse que tem
dúvidas sobre a viabilidade jurídica. "Eu entendi que há inviabilidade jurídica, mas também suspeitava da inviabilidade política
por razões óbvias."
Brindeiro disse que FHC e ele
consideram a intervenção inviável politicamente porque ela não
seria concluída antes da posse do
novo governador e eventualmente ele teria que ser afastado.
O procurador-geral, que aprovou o pedido de intervenção no
conselho, do qual faz parte, negou
que tenha mudado de opinião. Ele
disse que se declarou em princípio favorável porque não poderia
desrespeitar uma decisão do conselho. A intervenção fica descartada porque somente Brindeiro poderia enviar o pedido ao STF.
Reale Júnior, 58, assumiu o ministério em 3 de abril. É segundo
suplente do senador e candidato
ao Planalto José Serra (PSDB).
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