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Lula promove 6 milhões
de eleitores para a classe C
Datafolha detecta otimismo de 49% com economia; 37% dizem consumir mais alimentos
Desde 94, nunca foi tão baixo
o percentual de eleitores que
reclamam do seu atual poder
aquisitivo; política "pró-pobre"
reduz investimento em obras
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Lula produziu
uma melhora considerável na
classificação econômica dos
eleitores a partir de 2003, revela pesquisa Datafolha.
Cerca de 6 milhões de eleitores saíram da classe D/E. A
maioria migrou para a C. Praticamente a metade dos 125,9
milhões de eleitores (49%)
considera hoje que sua situação
econômica vai melhorar.
Ao mesmo tempo, houve um
aumento no consumo, sobretudo de alimentos -37% dos eleitores passaram a consumir
mais desde 2003.
A melhora na renda se dá por
uma combinação de cenário
econômico positivo e forte aumento do gasto público dirigido aos mais pobres. Na contramão, há queda nos investimentos em infra-estrutura e dúvidas sobre a sustentabilidade da
atual política "pró-pobres".
Além disso, os maiores aumentos na renda estão, na verdade, concentrados entre os
que têm aplicações financeiras
(leia textos nas págs. A6 e A7).
Mas, em termos gerais, nunca foi tão baixo, desde 1994, o
percentual de brasileiros que
reclama da insuficiência do seu
poder aquisitivo. Hoje, 28%
acham "muito pouco" o que a
família ganha. Eles somavam
45% antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
O Datafolha ouviu 2.828 eleitores no país entre 28 e 29 de
junho, quando pesquisou a intenção de voto à Presidência.
No levantamento, Lula (PT)
aparece com 46% e Geraldo
Alckmin (PSDB), com 29%.
A melhora no consumo e nas
expectativas dos eleitores mais
pobres explica em grande medida o favoritismo do petista,
que hoje venceria no 1º turno.
A pesquisa também questionou hábitos de consumo, percepção da situação econômica,
nível de renda, posse de bens e
condições de moradia. Foi considerado ainda o grau de escolaridade do chefe da família.
O cruzamento dos dados permite agrupar os entrevistados
em três classes: A/B (48% têm
renda familiar mensal superior
a cinco salários mínimos), C
(68% têm renda de até três mínimos) e D/E (86% têm renda
de até dois mínimos).
Um dos principais resultados
do levantamento é que o total
de eleitores na classe D/E diminuiu de 46% para 38% entre
outubro de 2002 e agora. A
classe C inchou, passando de
32% para 40%. Já a classe A
apenas variou de 20% para 22%
-dentro da margem de erro da
pesquisa, de dois pontos percentuais para mais ou menos.
São justamente as classes D/
E e C que concentram as maiores taxas de intenção de voto
em Lula: 54% e 44%, respectivamente; contra 34% na A/B.
A pesquisa também questionou os eleitores sobre a participação em programas sociais do
governo, como o Bolsa-Família. Os maiores aumentos de
consumo (de alimentos, CDs
piratas ou perfume, por exemplo) foram detectados entre
membros da classe C que participam ou que têm alguém da família incluído nos programas.
Entre esses eleitores, 52%
consumiram mais alimentos
nos últimos três anos, contra
37% na média geral.
Os menores percentuais de
aumento de consumo foram
detectados na classe D/E. Mesmo assim, é aí que está concentrada a maior força eleitoral de
Lula e, segundo algumas análises, a maior taxa de aumento da
renda nos últimos anos.
Dentre os D/E que participam de algum programa social,
Lula chega a ter 65% da preferência dos eleitores, contra
27% de Alckmin. Os D/E e C
também são os mais otimistas
em relação ao futuro.
Colaborou MATHEUS PICHONELLI , da Redação
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