São Paulo, quarta-feira, 09 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Bancada DD

O silêncio apreensivo que pairava ontem sobre o Congresso diante da Operação Satiagraha decorre de uma certeza: as investigações sobre Daniel Dantas vão resvalar inapelavelmente nas estreitas relações do banqueiro com deputados e senadores de um leque de partidos que vai do DEM ao PT.
Tanto parlamentares que conhecem a Polícia Federal por dentro quanto autoridades do governo afirmam que os nomes dos integrantes da eclética "bancada do Daniel Dantas" só não apareceram nesta primeira etapa de pedidos de busca e apreensão e de prisão porque, para isso, seria necessário pedir autorização ao STF, o que retardaria o início da operação.



Tá no grampo. O medo maior dos parlamentares ligados a Dantas são as gravações de conversas telefônicas que embasaram os pedidos de prisão da Operação Satiagraha.

Entra-e-sai. Graças a intensa pressão da "bancada DD", o primeiro relatório conclusivo da CPI dos Correios não pedia o indiciamento do banqueiro. Gritaria da ala do PT contrária a Dantas, capitaneada por Ideli Salvatti (SC) e Maurício Rands (PE), garantiu o pedido de indiciamento do dono do Opportunity -que acabou não sendo denunciado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando.

Tropa 1. Veteranos da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara afirmam que Daniel Dantas tentou, desde os tempos do mensalão, montar uma bancada para defender seus interesses na comissão. O grupo que atuava nos bastidores era uma mescla de deputados baianos e da antiga bancada evangélica, que minguou na atual legislatura.

Tropa 2. Um dos parlamentares que articulavam os interesses de Daniel Dantas na comissão era Wanderval Santos (PR-SP), mensaleiro que não conseguiu se reeleger.

Filtro. No ano passado, a comissão enviou ofícios pedindo informações à Justiça italiana sobre denúncias de que a Telecom Italia teria pago US$ 300 mil a integrantes da comissão, em 2003. As respostas pararam no Itamaraty e no Ministério da Justiça.

Fio da meada. Para ex-membros da CPI dos Correios, o doleiro Lucio Funaro alimentou o Ministério Público e a PF com informações sobre operações feitas por ele e Naji Nahas, dentro do acordo de delação premiada que fechou na época do mensalão.

Capo. Ex-presidente da Brasil Telecom Participações, Humberto Braz, preso ontem, era tratado pela CPI como braço direito de Dantas. Ele teve quatro reuniões com Marcos Valério em 2004, à época em os fundos de pensão tentavam tirar o banqueiro do controle da empresa.

Alternativa. Embora reconheça o favoritismo potencial de Márcio Lacerda (PSB), apoiado pela dupla Aécio Neves-Fernando Pimentel, o PC do B espera contar com um aliado de peso para melhorar as chances de Jô Moraes em Belo Horizonte: a ala do PT mineiro descontente com a parceria tucano-petista.

Agüenta firme. Na reta final da pré-campanha, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) pediu a Jô que não desistisse.

Mão na massa. No esforço para obter adesões no meio sindical, terreno preferencial do PT e do PDT, o tucano Geraldo Alckmin conseguiu o apoio de Chiquinho Pereira, ligado ao PPS, do Sindicato dos Padeiros e Confeiteiros.

Tudo junto. Enquanto o ex-prefeito Celso Pitta foi preso pela Operação Satiagraha, a Justiça Eleitoral impugnou a candidatura do ex-vereador Vicente Viscome (PT do B), expoente da máfia dos fiscais, que marcou a gestão Pitta. A defesa alega que Viscome já cumpriu pena.

Em viagem. José Serra não participará do evento oficial do 9 de Julho. O governador seguiu ontem para o Chile, onde tratará da exportação de carne de São Paulo para o país vizinho e, amanhã, terá um encontro com a presidente Michelle Bachelet.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"É preciso punir esses policiais que vão às ruas como Rambos e matam inocentes sob o pretexto de caçar bandidos."

Do senador e candidato a prefeito MARCELO CRIVELLA (PRB-RJ), criticando a atuação da PM do Rio, acusada de metralhar uma criança de três anos durante perseguição na noite de domingo.

Contraponto

Milagre da multiplicação

Lula aproveitou o lançamento do Plano Safra, na semana passada, para ensinar os agricultores presentes ao evento, em Curitiba, a aumentar sua produtividade.
-Tem de pensar grande. Quem produz um saco de feijão tem de pensar em produzir cinco. Quem produz um litro de leite tem de pensar em produzir mais.
O presidente continuou:
-Tratar a vaquinha com carinho, dar ração melhor...
Nesse instante, o telão exibiu a imagem de uma vaca malhada. Lula tomou um susto, mas não perdeu a verve:
-Olha aí que vaquinha bonita, bem comportada!


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