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Advogado de Dantas diz ter papéis contra PT
Nélio Machado critica a PF e ameaça divulgar documentos sobre suposta pressão que o banqueiro teria sofrido do governo
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado, ameaçou
divulgar supostos documentos
contra o PT que estariam na
Justiça norte-americana e atribuiu a prisão do banqueiro à
guerra societária havida entre o
Opportunity, fundos de pensão
ligados a estatais e a Telecom
Itália pelo controle da empresa
de telefonia Brasil Telecom.
""Não medirei esforços em
trazer à baila tudo o que eu reputar relevante para preservar
direitos básicos do meu cliente", afirmou ele.
Segundo sua defesa, Dantas
entregou vários documentos à
Justiça de Nova York, sobre suposta pressão que teria sofrido
do governo e de pessoas do PT,
como parte de sua defesa em
ação judicial movida contra ele
pelo Citigroup, nos EUA.
A ação foi extinta em abril,
quando Citi e Opportunity fizeram acordo judicial para viabilizar a compra da Brasil Telecom pela Oi. Com o fim da ação,
segundo Machado, o acesso aos
documentos está proibido.
Aventou recorrer à diplomacia
para obter os papéis, que têm
cláusulas de confidencialidade.
Ele também disse que vai pedir que a Justiça solicite cópias
de depoimentos, na Itália, prestados por ex-seguranças da Telecom Itália sobre suposto pagamento de corrupção pela
multinacional no Brasil.
Embora vincule a prisão de
Dantas à briga das teles, o advogado do banqueiro afirmou que
a venda da Brasil Telecom para
a Oi não será afetada ""pelo espasmo acusatório desmedido".
A ameaça de divulgação de
documentos contra o PT foi recebida com ceticismo por executivos ligados à Brasil Telecom. A documentação que
Dantas entregou à Justiça norte-americana, segundo eles,
conteria acusações, sem provas, de tentativa de extorsão, e
recortes de textos de jornais.
Ditadura
Dizendo-se surpreso com a
operação, Machado qualificou
as prisões de ilegais e fez críticas à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Disse
que o "Estado policial tem prevalecido sobre o Estado de Direito", e que o governo atual dá
tratamento pior ao direito de
defesa do que o concedido no
tempo do AI-5 (Ato Institucional nº 5, de 1968, que suspendeu o Estado de Direito).
A PF, segundo o advogado,
prendeu acionistas, dirigentes
e funcionários do banco Opportunity sem que tivessem sido chamados previamente a
prestar esclarecimentos.
Questionou o fato de dirigentes do PT nunca serem presos
nas diligências da Polícia Federal e citou o envolvimento do
irmão mais velho do presidente
Lula, Genivaldo Inácio da Silva,
na Operação Xeque-Mate, de
combate ao contrabando de peças de máquinas caça-níqueis,
em junho do ano passado.
Segundo o advogado, enquanto empresários, que dão
empregos, são presos, ""Vavá foi
chamado de ingênuo por Lula,
e não passou disso".
Machado afirmou que não tivera acesso às acusações contra
seus clientes e afirmou desconhecer a acusação de corrupção de um delegado da Polícia
Federal contra Daniel Dantas.
Ele acusou a Polícia Federal
de restringir a ação dos advogados de defesa, ao permitir o
acesso de apenas um advogado
por cliente. "A Constituição, no
que diz respeito ao direito de
ampla defesa, é uma falácia. Tenho saudade do tempo de exceção. Como advogado, nunca
senti dificuldade para o exercício da advocacia como agora. A
advocacia passou a ser atividade de risco", afirmou.
Conselheiro federal da OAB,
Machado queixou-se de que os
advogados têm seus telefones
grampeados, quando a Justiça
quebra o sigilo de seus clientes.
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