|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fundação Sarney ganha R$ 1,34 mi de estatal
Em vez de livros e museu, principal atrativo de entidade é festa julina idealizada pela governadora do Maranhão, Roseana
De acordo com a Petrobras, recursos repassados para a fundação foram destinados à preservação do acervo
da biblioteca e do museu
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
A Fundação José Sarney em
São Luís (MA), que recebeu
R$ 1,34 milhão da Petrobras
entre o fim de 2005 e setembro
passado para preservação de
seu acervo, tem como principal
atração para o público, em vez
de livros e o museu, uma festa
julina idealizada pela governadora do Maranhão, Roseana
Sarney (PMDB).
Os festejos, que começaram
na semana passada e vão até o
fim do mês, são realizados pela
Associação dos Amigos do Bom
Menino das Mercês, comandada por Raimundo Nonato
Quintiliano Pereira Filho, funcionário do gabinete do senador Lobão Filho (PMDB-MA).
Lobão é aliado do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), o criador da fundação.
O dinheiro da Petrobras, segundo a estatal, foi destinado à
preservação do acervo da biblioteca e do museu. Entre as
peças em exposição, há cartazes de campanha, caricaturas e
quadros de Sarney.
Numa quinta-feira, a Folha
foi ao prédio da fundação, localizado no centro histórico de
São Luís. O repórter recebeu a
informação de que a biblioteca
estava fechada e sem previsão
de funcionamento.
A reportagem procurou o diretor da entidade Fernando
Belfort, ex-funcionário do Senado e hoje no governo de Roseana. Ele então mostrou a biblioteca e o museu à Folha.
Belfort disse que a entidade
vive do dinheiro do aluguel de
um salão para reuniões ao custo de R$ 1.000 por dia. Afirmou
que a Vale Festejar, idealizada
por Roseana e patrocinada pela
Vale, é a principal atração.
A biblioteca, porém, não tem
estrutura para atendimento ao
público, conforme a Folha
constatou. Funcionários não
conseguiram localizar os
exemplares da primeira edição
de "Espumas Flutuantes", de
Castro Alves, de "O Francesismo", de Eça de Queiroz, nem
"uma obra rara de [Nicolau]
Maquiavel [1469-1527] datada
de 1560", joias que a Fundação
informa ter em seu acervo.
Belfort exibiu duas salas vazias onde, segundo ele, funcionam laboratórios de recuperação de livros raros. As instalações teriam sido feitas com verba da Petrobras. Há ainda divergências de números sobre o
acervo. A fundação informa
que há 40 mil documentos. A
Petrobras diz que são 50 mil.
A sede da fundação é um prédio histórico erguido no século
17, onde funcionou o convento
das Mercês. Durante a festa, o
local recebe barracas de festa
junina. Na abertura, um grupo
cantou uma toada em homenagem à governadora: "Ela é mulher no Senado, ela mulher do
governo e também do nosso
Estado. [...] E viva Roseana".
Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Janio de Freitas: O gol de Ronaldo Próximo Texto: Outro lado: Senador diz que recursos foram bem aplicados Índice
|