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Bolsa fará megaesquema para leilão da Telebrás
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e a Polícia Militar montaram
um megaesquema de segurança
para o leilão de privatização da Telebrás, marcado para o dia 29.
O comando da PM trabalha com
as hipóteses de haver uma multiplicidade de protestos no centro
da cidade e de que o leilão possa se
arrastar por até quatro dias, caso
ocorra uma guerra de liminares
semelhante à da privatização da
Vale do Rio Doce, no ano passado.
Em entrevista à Folha, o comandante de Policiamento da Capital,
coronel Jorge Lindolfo Duarte,
adiantou que irá destacar cerca de
2.000 homens para o policiamento, 400 dos quais estarão à paisana.
Isso significa 800 policiais a mais
do que o contingente mobilizado
na venda da Vale.
A polícia acredita que o leilão
poderá atrair não só os opositores
da privatização, mas outros segmentos insatisfeitos com as políticas do governo, como professores, aposentados e estudantes,
além de militantes de esquerda.
Por todos os indicadores, a venda do controle acionário do sistema Telebrás será a maior negociação já registrada no mercado de
capitais brasileiros.
É a primeira vez que 12 estatais
-três de telefonia fixa, oito de telefonia celular e a Embratel- vão
a leilão em um mesmo dia.
O preço mínimo fixado no edital
para o conjunto das telefônicas
-de R$ 13,47 bilhões- é maior
do que a receita obtida pelo governo nas privatizações dos setores
siderúrgico (US$ 5,56 bilhões),
petroquímico (US$ 2,69 bilhões) e
elétrico (US$ 3,02 bilhões).
Só a taxa de comissão da Câmara
de Liquidação e Custódia -de
0,025% sobre o valor de venda,
que dá R$ 3,36 milhões se as ações
saírem pelo preço mínimo-
equivale a dois meses de faturamento normal da Bolsa do Rio.
Para fazer jus a esse pagamento,
a Bolsa reservou 14 salas de trabalho (com 150 m2 cada uma) e mais
dez salas de reunião, que ocupam
três andares e meio, para uso exclusivo dos consórcios que irão
participar do leilão.
Os consórcios poderão usar gratuitamente as salas durante todo o
mês de julho, pagando apenas as
ligações telefônicas interurbanas e
internacionais.
Sérgio Luiz Berardi, superintendente-geral da Bolsa, disse que os
executivos dos consórcios podem
até dormir no edifício, se não quiserem enfrentar o tumulto dos
manifestantes.
Até hoje, permanece na memória dos executivos do mercado financeiro a imagem do corretor
Aldo Flores levando um pontapé
de um manifestante da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
quando chegava ao edifício da
Bolsa para o leilão de privatização
da Usiminas, em setembro de 91.
Duração
Berardi disse que várias salas de
banho, situadas no mezanino, ficarão também à disposição dos
executivos dos consórcios.
Eles poderão ainda fazer as refeições -café da manhã, almoço e
jantar- no restaurante, de 150 lugares, que fica no último andar.
A abertura do leilão está prevista
para as 10h. Segundo Berardi, se
não atrasar, o leilão estará terminando por volta das 15h30. Ou seja, a duração mínima prevista é de
cinco horas e meia.
Em caso de paralisação por ordem judicial, a Bolsa ficará em
"estado de leilão" até que o problema seja resolvido. Nesse caso,
os funcionários serão dispensados
à noite e retornarão a seus postos
pela manhã.
A Bolsa espera receber 300 jornalistas e está montando um centro de imprensa específico para o
leilão, no hall do edifício, com auditório para 128 pessoas. Os entrevistados terão um sistema de acesso especial ao centro de imprensa,
sem passar pelo hall.
O coronel Jorge Lindolfo Duarte
diz que o esquema de segurança
que está sendo preparado para o
leilão da Telebrás é o maior que já
comandou em uma operação de
privatização.
Ele disse que o esquema se assemelha ao utilizado na visita do
presidente dos EUA, Bill Clinton,
ao Rio, em outubro do ano passado, quando foram mobilizados
2.500 policiais.
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