São Paulo, quinta, 9 de julho de 1998

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Bolsa fará megaesquema para leilão da Telebrás

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e a Polícia Militar montaram um megaesquema de segurança para o leilão de privatização da Telebrás, marcado para o dia 29.
O comando da PM trabalha com as hipóteses de haver uma multiplicidade de protestos no centro da cidade e de que o leilão possa se arrastar por até quatro dias, caso ocorra uma guerra de liminares semelhante à da privatização da Vale do Rio Doce, no ano passado.
Em entrevista à Folha, o comandante de Policiamento da Capital, coronel Jorge Lindolfo Duarte, adiantou que irá destacar cerca de 2.000 homens para o policiamento, 400 dos quais estarão à paisana. Isso significa 800 policiais a mais do que o contingente mobilizado na venda da Vale.
A polícia acredita que o leilão poderá atrair não só os opositores da privatização, mas outros segmentos insatisfeitos com as políticas do governo, como professores, aposentados e estudantes, além de militantes de esquerda.
Por todos os indicadores, a venda do controle acionário do sistema Telebrás será a maior negociação já registrada no mercado de capitais brasileiros.
É a primeira vez que 12 estatais -três de telefonia fixa, oito de telefonia celular e a Embratel- vão a leilão em um mesmo dia.
O preço mínimo fixado no edital para o conjunto das telefônicas -de R$ 13,47 bilhões- é maior do que a receita obtida pelo governo nas privatizações dos setores siderúrgico (US$ 5,56 bilhões), petroquímico (US$ 2,69 bilhões) e elétrico (US$ 3,02 bilhões).
Só a taxa de comissão da Câmara de Liquidação e Custódia -de 0,025% sobre o valor de venda, que dá R$ 3,36 milhões se as ações saírem pelo preço mínimo- equivale a dois meses de faturamento normal da Bolsa do Rio.
Para fazer jus a esse pagamento, a Bolsa reservou 14 salas de trabalho (com 150 m2 cada uma) e mais dez salas de reunião, que ocupam três andares e meio, para uso exclusivo dos consórcios que irão participar do leilão.
Os consórcios poderão usar gratuitamente as salas durante todo o mês de julho, pagando apenas as ligações telefônicas interurbanas e internacionais.
Sérgio Luiz Berardi, superintendente-geral da Bolsa, disse que os executivos dos consórcios podem até dormir no edifício, se não quiserem enfrentar o tumulto dos manifestantes.
Até hoje, permanece na memória dos executivos do mercado financeiro a imagem do corretor Aldo Flores levando um pontapé de um manifestante da CUT (Central Única dos Trabalhadores) quando chegava ao edifício da Bolsa para o leilão de privatização da Usiminas, em setembro de 91.
Duração
Berardi disse que várias salas de banho, situadas no mezanino, ficarão também à disposição dos executivos dos consórcios.
Eles poderão ainda fazer as refeições -café da manhã, almoço e jantar- no restaurante, de 150 lugares, que fica no último andar.
A abertura do leilão está prevista para as 10h. Segundo Berardi, se não atrasar, o leilão estará terminando por volta das 15h30. Ou seja, a duração mínima prevista é de cinco horas e meia.
Em caso de paralisação por ordem judicial, a Bolsa ficará em "estado de leilão" até que o problema seja resolvido. Nesse caso, os funcionários serão dispensados à noite e retornarão a seus postos pela manhã.
A Bolsa espera receber 300 jornalistas e está montando um centro de imprensa específico para o leilão, no hall do edifício, com auditório para 128 pessoas. Os entrevistados terão um sistema de acesso especial ao centro de imprensa, sem passar pelo hall.
O coronel Jorge Lindolfo Duarte diz que o esquema de segurança que está sendo preparado para o leilão da Telebrás é o maior que já comandou em uma operação de privatização.
Ele disse que o esquema se assemelha ao utilizado na visita do presidente dos EUA, Bill Clinton, ao Rio, em outubro do ano passado, quando foram mobilizados 2.500 policiais.



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