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FINANCIAMENTO
Ex-ministro Bresser diz que Andrade Vieira não participou do fechamento das contas da campanha de 94
Para Bresser, sobra de R$ 130 mi é delírio
SANDRA BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração) disse
ontem que o ex-ministro José
Eduardo Andrade Vieira "está delirando" ao afirmar que as sobras
da campanha eleitoral de 1994 do
presidente Fernando Henrique
Cardoso foram de R$ 130 milhões.
Em entrevista à Folha, Andrade
Vieira afirmou que as sobras estimadas da campanha de 94 foram
de R$ 130 milhões. Segundo ele,
R$ 30 milhões ficaram no caixa
oficial da campanha e R$ 100 milhões no caixa extra-oficial.
"É um delírio. A campanha toda
custou muito menos que isso",
disse Bresser, que presidiu o Comitê Financeiro da campanha de
FHC em 1994.
Segundo a prestação de contas
das eleições de 1994 de FHC registrada e aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sobrou
apenas R$ 1,86 milhão. No TSE,
consta que foram arrecadados R$
33,62 milhões para o caixa de
campanha presidencial de FHC.
Desse total, segundo o TSE, foram gastos R$ 31,71 milhões. O
PSDB divulgou ontem nota oficial
sobre as prestações de contas das
duas campanhas presidenciais de
FHC.
Na nota, o PSDB informou um
valor das sobras do caixa de 1994
-R$ 1,68 milhão- menor do
que está registrado no TSE. A diferença é de R$ 180,8 mil em relação ao número do TSE. A explicação do partido para a diferença é
que, depois da prestação de contas, houve pagamento de outras
despesas.
Bresser Pereira disse que Andrade Vieira não participou do fechamento das contas da campanha de 94. "No começo da campanha, ele deu uma mãozinha no
Paraná. Usou a sua influência no
Paraná para conseguir uma das
primeiras contribuições para a
campanha", afirmou Bresser.
"Mas foi pouca coisa", disse o ex-ministro da Administração, referindo-se à doação de campanha
arrecadada por Andrade Vieira.
"Ele (Andrade Vieira) estava a
500 quilômetros de distância de
quem estava fechando a campanha, que éramos eu, o Serjão (Sérgio Motta, ex-ministro das Comunicações, morto em 1998) e o
Egydio Bianchi (ex-vice-presidente do Comitê Financeiro da
campanha)", disse Bresser.
Egydio Bianchi afirmou desconhecer as cifras de sobras de campanha citadas por Andrade Vieira. "Tudo o que sobrou ficou registrado no TSE", disse Bianchi.
Eduardo Jorge
Bresser Pereira criticou a imprensa e "setores do Ministério
Público" pelas denúncias que
vêm sendo publicadas nas últimas semanas contra o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo
Jorge Caldas Pereira. "A imprensa
e alguns promotores, a partir de
alguns indícios, julgam, condenam e fazem um escândalo. Só
falta pôr na cadeia. Como diz lá o
irmão do Eduardo Jorge, quem é
que devolve a honra?".
Segundo Bresser, nada foi descoberto contra EJ. "E, no entanto,
está se fazendo um escândalo em
cima disso. Não se acrescenta nada e tem manchete todo dia. É
uma coisa absurda. Isso numa democracia em que as pessoas têm
respeito umas pelas outras, em
que o debate público é uma coisa
séria. Não pode acontecer uma
coisa dessa. Isso é a imprensa associada a setores do Ministério
Público enlouquecido".
Bresser Pereira atacou, sem
identificar nominalmente, os procuradores que são alvo de suas
críticas. "Esses (procuradores)
que verificam algumas coisas que
não lhes parecem boas e vão para
a imprensa antes de verificar todo
o resto, antes de ter prova. Isso é
uma violência inaceitável contra o
cidadão", disse.
Lobby
Bresser Pereira disse que EJ não
cometeu nenhum crime se fez
lobby depois que deixou o governo. "Se ele fez algum tipo de
lobby, isso não é crime. E há lobbies e lobbies. Há lobbies bons e
lobbies maus."
Segundo o ex-ministro, "é preciso estabelecer regras claras para
para quem sai do governo". Bresser disse que tentou fazer isso
quando era ministro da Administração.
"No Conselho da Reforma do
Estado, nós chegamos a propor
regras para isso, como a exigência
da quarentena e até o pagamento
de salário em alguns casos." Ele
não soube explicar por que essa
proposta não foi implementada
pelo governo FHC.
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