ANTONIO CARLOS DE FARIA
ANA WAMBIER
DA SUCURSAL DO RIO

Contrariando anúncio feito na véspera, o candidato do PDT à Prefeitura do Rio, Leonel Brizola, não apresentou ontem ações na Justiça contra o governador do Rio, Anthony Garotinho.
O governador, por sua vez, entrou com uma medida cautelar, para tentar impedir sua expulsão do PDT.
Os dois travam uma disputa dentro do partido, na qual o episódio mais recente foi a proposta de realização de um congresso nacional, feita por Garotinho, que quer "uma refundação do PDT", com discussão "de uma nova carta de princípios".
Brizola, que é presidente do PDT, disse que a proposta do governador é uma iniciativa isolada e que qualquer encontro realizado por Garotinho não terá caráter oficial.
Com a convocação de um congresso, o governador demonstrou que está disposto a lutar contra sua expulsão do PDT, inclusive propondo uma mudança em sua direção nacional.
"Essa direção não tem legitimidade. Queremos uma direção em sintonia com o partido", afirmou Anthony Garotinho na noite de quinta-feira.
O processo de expulsão do governador é apoiado por Brizola, que acusa Garotinho de não estar se empenhando em sua campanha para a Prefeitura do Rio.
Apesar de não ter tomado nenhuma medida formal, Brizola se reuniu ontem com o presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), desembargador Tiago Ribas Filho.
O candidato disse que na reunião relatou ao desembargador "atitudes fascistas" de Garotinho. "Ele está se envolvendo no processo eleitoral, escolhendo e lançando candidatos pelo interior. Isso está fora das atribuições de um governador", afirmou.

Danos Morais
O presidente do PDT disse que ainda está preparando uma ação por danos morais contra o governador.
Segundo Brizola, Garotinho estaria prejudicando sua campanha durante o programa "Fala Governador", apresentado nas manhãs de sábado na rádio Tupi.
O candidato pedetista aparece em quarto lugar na última pesquisa Datafolha, com 10% das intenções de voto, atrás de Benedita da Silva (PT), com 13%.
Cesar Maia (PTB) e o atual prefeito, Luiz Paulo Conde (PFL), têm 26%.
O secretário de Governo, Fernando William, que anteontem comandou um ato de solidariedade a Garotinho na sede da Associação Brasileira de Imprensa no Rio, no qual compareceram cerca de 700 pessoas, disse que a tentativa de expulsão do governador "confirma a necessidade de mudança no partido".
Hoje, termina o prazo dado pela comissão de ética do PDT para que Garotinho apresente sua defesa. O governador já havia afirmado na semana passada que não vai se defender.
Garotinho prefere apelar para a Justiça, onde quer provar que não feriu nenhum item do estatuto do partido.
A comissão, que é composta por cinco membros, deve apresentar um parecer depois de amanhã. O parecer terá que ser aprovado pelo diretório regional do partido que tem 210 membros. Brizola tem a maioria nas duas instâncias do PDT.
"Esses métodos precisam de reavaliação. Um partido não pode permanecer extremamente centralizado, onde meia dúzia de pessoas tomam decisões por todos", afirmou o secretário Fernando William.


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