São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2001

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Senado pede relatórios do BC sobre Banpará

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado aprovou ontem por unanimidade, em votação simbólica, o requerimento do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) que pede ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, o envio à Casa de todos os relatórios do Banco Central sobre irregularidades havidas no Banpará (Banco do Estado do Pará) no período de 1984 a 1987.
O Senado quer ter acesso ao relatório do inspetor Abrahão Patruni sobre o envolvimento do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) em desvio de recursos do Banpará quando era governador.
A aprovação do requerimento é mais um sinal do isolamento de Jader. O prazo previsto para que os documentos sejam remetidos ao Senado é de até 30 dias, contados a partir do momento em que Malan receber o pedido.
O líder do governo, Romero Jucá (PSDB-RR), acha que os relatórios serão encaminhados, embora possa haver questionamentos quanto à legalidade da quebra do sigilo. ""O governo é a favor de tudo o que contribuir para a investigação e for dentro da lei", disse.
O requerimento foi apresentado com base na lei complementar 105, que dá poderes aos plenários da Câmara e do Senado para quebrar sigilo bancário, após aprovação da respectiva CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
A proposta de Dutra foi aprovada na CCJ ontem pela manhã, inclusive com apoio dos governistas. No plenário, a votação foi rápida e sem polêmica. Antes, os senadores aprovaram a suspensão dos prazos regimentais que deveriam ser cumpridos entre a votação da comissão e o plenário. ""O Senado se redimiu", disse Dutra.
Considerado o único aliado de Jader entre os três senadores da comissão que investiga o presidente licenciado do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA) deixou claro ontem seu desânimo quanto à possibilidade de livrar Jader de um processo: ""Jader é a bola da vez. Quando um homem público passa a ser a bola da vez, encontram tudo contra ele. A situação é muito difícil. Eu não queria estar na pele dele", disse.
João Alberto havia decidido abandonar a comissão alegando prejuízos à sua campanha para ser candidato a governador, mas voltou atrás por pressão do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). O líder disse que teria dificuldade para achar um substituto: nenhum senador do PMDB quer assumir a investigação contra Jader.


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