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Presidente da Portugal Telecom reitera que não financiou partidos
ENVIADA ESPECIAL A LISBOA
O presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa, em
entrevista ao "Jornal de Negócios" publicada ontem, repetiu
que o empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza não lhe pediu
dinheiro para financiar partidos
políticos.
"Nunca fomos solicitados. Porque isso seria para nós motivo de
ofensa. É uma coisa que nós não
admitiríamos", afirmou Horta e
Costa.
Na entrevista, ele se refere duas
vezes a Marcos Valério como
grande empresário, mas hesitou
em dizer se José Dirceu é influente
no Brasil. Disse que levou o publicitário ao ex-ministro de Obras
Públicas, Transportes e Comunicações de Portugal António Mexia por se tratar de "um grande
empresário de Minas Gerais" e
porque ele estava interessado em
ter uma boa relação "com o tecido
empresarial brasileiro".
Quanto ao ex-ministro José Dirceu, disse que esteve com ele só
uma vez, na campanha eleitoral
de 2002, quando, segundo afirmou, fez visita a todos os candidatos presidenciáveis. Mas afirmou
que não foi a um jantar de Dirceu,
já ministro, com o empresariado
português, em Lisboa.
Furlan e Palocci
Indagado se era fácil fazer negócios no Brasil sem "contrapartidas", e se a empresa tivera dificuldades por não entrar em esquemas, Horta respondeu que a empresa nunca sofreu pressão nesse
sentido no Brasil, e que sempre teve relação de "alto nível" com os
governos Fernando Henrique
Cardoso (quando a empresa começou a investir no Brasil) e Lula.
Ele elogiou os ministros Luiz
Fernando Furlan, do Desenvolvimento, de quem se declarou amigo, e Antonio Palocci, da Fazenda,
por quem disse ter grande admiração. Disse que seria "uma enorme injustiça" associar a equipe
econômica a tais esquemas.
Desde que o nome da Portugal
Telecom foi associado ao de Marcos Valério, por Roberto Jefferson, o presidente da empresa só se
manifestou por comunicados oficiais e por entrevistas a jornais
portugueses.
O "Jornal de Negócios" perguntou se ele teria provas a apresentar
de que não houve envolvimento
da Portugal Telecom com Marcos
Valério, caso fosse chamado a depor na CPI. O executivo qualificou as acusações de Jefferson de
inconsistentes, e deixou em aberto a possibilidade de vir a processar judicialmente o parlamentar.
Ele negou conhecer Emerson
Palmieri (do PTB), disse que só
esteve com Marcos Valério uma
vez (em outubro do ano passado,
na sede da empresa, em Lisboa), e
que o publicitário só teve também
um encontro com o ex-ministro
Mexia.
"Mas estamos a falar de encontros que não ocuparam mais tempo do que uma meia hora a mim e
depois dez minutos ou um quarto
de hora com o ministro. Estamos
a falar de coisas que não têm expressão e de uma operação [a
compra da Telemig] que nunca
aconteceu".
Segundo Horta e Costa, Valério
compareceu sozinho aos encontros na sede e com Mexia, e que a
Telefónica de Espanha (sócia da
Vivo) não participou dos encontros. Ele disse ainda que fez uma
pesquisa na agenda com "enorme
cuidado" nos dias 24, 25 e 26 de
janeiro e viu que, nesses dias, teve
apenas reuniões normais, "de
costume" e que foram em Portugal. Comunicado distribuído na
quinta-feira passada pela Portugal Telecom admitira contatos
com o publicitário, sem especificar quantos nem quando. Extra-oficialmente, já se dizia que ele só
foi recebido uma vez, na sede da
empresa, em Lisboa.
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