São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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Relatório da CPI deve poupar 19 deputados

Alan Marques/Folha Imagem
O deputado Fernando Gabeira aponta dedo para o senador Wellington Salgado durante discussão em votação de requerimento da CPI


Baseada em depoimentos de Vedoin, comissão vai poupar cinco parlamentares que estavam ameaçados de ter cassação pedida

Helenildo Ribeiro, Fernando Estima, Josias Quintal, Itamar Serpa e Jefferson Campos saíram da lista; há provas "robustas" contra 49


LETÍCIA SANDER
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os últimos depoimentos reservados de Luiz Antônio Trevisan Vedoin à CPI dos Sanguessugas levaram a comissão a colocar na categoria dos "inocentados" cinco deputados federais contra os quais, até então, havia a tendência de ser pedida a cassação do mandato. A Folha teve acesso na noite de ontem à sistematização que servirá de base para o relatório de Amir Lando (PMDB-RO) a ser apresentado amanhã. De acordo com esse trabalho, feito pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), contra 49 dos 90 investigados há provas "robustas, inequívocas". Os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB) e Magno Malta (PL-ES) estão nessa lista. Em relação a outros 22 há a acusação de Vedoin, sócio da Planam, de que receberam propina em dinheiro vivo. O pedido de cassação dependerá de outras provas, como gravações da Polícia Federal. Já o grupo de investigados que podem ser inocentados pelo relatório de Lando subiu para 19. Os cinco que devem escapar são: Helenildo Ribeiro (PSDB-AL), Fernando Estima (PPS-SP), Josias Quintal (PSB-RJ), Itamar Serpa (PSDB-RJ) e Jefferson Campos (PTB-SP). O presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), chegou a ameaçar ontem Vedoin dizendo que pediria o fim do benefício da delação premiada caso o empresário tentasse inocentar deputados. "Eu o adverti [Vedoin] que, se ficar evidenciado que há uma tentativa de inocentar A, B, ou C, vou oficiar o juiz e pedir que ele perca o benefício da delação premiada e volte para a cadeia", disse o deputado. Segundo Biscaia, Carlos Sampaio encontrou 13 "pontos de conflito" entre o que Vedoin disse à Justiça e o que ele disse à CPI. Em oito casos, essas divergências beneficiariam os parlamentares. Mais tarde, Sampaio afirmou não se tratar de contradições, mas de divergências que foram sanadas.

Gabeira
Presidente em exercício do PSB, o ex-ministro Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) entrou ontem no Conselho de Ética da Câmara com representação contra o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), pedindo a cassação de seu mandato. Segundo Amaral, Gabeira feriu o decoro parlamentar por ter feito acusações "levianas" contra o PSB na CPI. Anteontem, Gabeira acusou o partido de comandar na Ciência e Tecnologia um esquema similar ao da máfia das ambulâncias. Na sessão de ontem da CPI, Gabeira e o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) trocaram acusações públicas. O deputado disse que o senador faz "sabotagens" contra a CPI. Salgado chamou Gabeira de "mentiroso" e o acusou de fazer carreira em cima de seqüestros, em referência ao seqüestro do embaixador Charles Elbrick.


Colaborou ADRIANO CEOLIN , da Sucursal de Brasília


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